terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Internet na Comunicação Política


A Internet na Comunicação Politica


Jorge Bruno Ventura

É impossível passar ao lado da importância que a Internet conquistou junto das sociedades contemporâneas.  A sua utilização está hoje presente em grande parte das actividades da pràxis humana. A sua utilização permite chegar a novos públicos e a interactividade é quase ilimitada nas potencialidades permitidas e na possibilidade de produção e difusão de conteúdos. Em virtude da sua importância, nenhum responsável político ou estratega de Comunicação Política pode dispensar-se da sua utilização. A Internet é um instrumento fundamental na conquista de votos e na difusão de mensagens com os seus níveis de utilização a rivalizar e, em alguns casos, a ultrapassar as audiências dos chamados media tradicionais.

Em 2008 a campanha eleitoral de Obama foi um exemplo das capacidades da Internet quando aliada a uma estratégia de Comunicação Política. Pessoas divorciadas da recepção de mensagens políticas foram alcançados e um património conquistado que depois se traduziu num grande número de votos. Os feitos que tornaram a campanha de Obama num case study no aproveitamento da Internet não estão a ser alcançados pelos elementos dos grupos de “OKUPA” que montam acampamentos em locais estratégicos e associados ao poder político e económico. A ausência de uma estratégia de união em torno de valores defendidos reflecte-se na confusão criada na internet pela facilidade que os elementos desses grupos têm na produção e difusão de conteúdos.

Blogues, sites, banners e emails são algumas das ferramentas  que a Internet disponibiliza e que quando bem aproveitadas podem ser capitalizadas em votos, fornecerem um forte contributo para a difusão da mensagem e permitirem um nível de interactividade inimaginável até há poucos anos atrás.

Um novo “medium” na Comunicação Politica -  A Internet

Com a difusão da Internet iniciou-se nos anos 90 aquilo que consideramos ser uma revolução na vida quotidiana das sociedades pelo facto deste medium ter dado “origem a todo um novo mundo por descobrir, corporizando inúmeras oportunidades, mas também múltiplas dificuldades” (Dionísio et al, 2009: 32). Este novo medium é um dos símbolos máximos da identificação de uma sociedade (a de hoje) que assenta os seus pilares no que Manuel Castells designa como informacionalismo e que descreve como o momento em que “as actividades decisivas da práxis humana se baseiam em tecnologia de informação e centrada no processamento de informação” (2007:1). A Internet revolucionou o quotidiano, abriu espaço para uma nova era, possibilitou novas formas de comunicação e permitiu a criação de um espaço para além da realidade, com a noção de virtualidade, que tem como símbolo máximo o Second Life.
Desde o primeiro momento que a Internet se assumiu como um agregador das Tecnologias da Informação e das Telecomunicações, “sobretudo através da sua massificação e consequente disponibilização progressiva de recursos, de que o comércio electrónico, os serviços interactivos e os conteúdos são bons exemplos” (Junqueira, 2002: p.85).
Ainda é cedo para perceber onde esta revolução nos conduz. Afinal de contas, falamos de uma revolução que começou há pouco tempo e que abre portas para possibilidades impensáveis há poucos anos atrás, como por exemplo as experiências que a Google está a levar a cabo com carros que andam de um ponto A para um ponto B sem qualquer tipo de intervenção humana. Nenhum outro medium conseguiu penetrar de uma forma tão rápida no quotidiano das pessoas. De acordo com o site www.internetworldstats.com, em todo o mundo existem mais de 500 milhões de websites, mais de 70 milhões de blogs e mais de 180 milhões de emails por dia. São mais de 2 milhões de mensagens por segundo. Dados impactantes!
Vamos agora centrar a nossa atenção na Comunicação Política através da Internet. Também aqui a Internet teve um forte desenvolvimento e os números que a seguir apresentamos são a prova disso. Depois de uma primeira fase confinada aos contextos militar e académico, os anos 90 trouxeram a massificação da Internet. Também foi por esta altura que a Internet passou a ser usada enquanto medium na actividade da Comunicação Política. As eleições norte americanas de 1996 foram o momento de partida, a “campanha marcou o início do uso político da Internet e foi então que os partidos políticos de outras democracias ocidentais (como no caso espanhol) começaram a criar os seus próprios sítios na Internet” (Canel, 2006: 75).
A Comunicação Política é mais um exemplo para provar o poder de penetração da Internet em tudo o que nos rodeia. Os números confirmam a regra. De acordo com o estudo, The Internet’s Role in Campaign 2008[1], sobre as presidenciais norte americanas de 2008, realizado pela Pew Internet & American Life Project[2], 74% dos utilizadores norte americanos de Internet utilizaram-na como ferramenta de recolha de informação ou participação no contexto das eleições. Estes 74%, reflectem mais de metade da população adulta norte-americana (55%) que, de acordo com o mesmo estudo, são considerados on-line political users, pelo facto de terem usado a Internet para a recolha de notícias sobre os candidatos e/ou comunicarem com outros sobre política através da Internet e/ou enviarem e/ou receberem informações políticas relacionadas com a campanha eleitoral. O mesmo estudo, em comparação com outras eleições presidenciais norte americanas, mostra um aumento bastante significativo na percentagem de adultos que utilizaram a Internet para recolherem informação e notícias sobre os candidatos, que em 2008 foi de 44%, do total de norte americanos, e 60%, em relação a todos os utilizadores norte americanos de Internet, como mostra a tabela 01.

Tabela 01 - Percentagem do número de adultos norte americanos que utilizou a Internet para recolher notícias e informações sobre os candidatos nas últimas quarto eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Fonte – The Internet’s Role in Campaign 2008 – Pew Internet
Percentagem em relação a:
1996
2000
2004
2008
Total de adultos
4
18
29
44
Total de utilizadores de Internet
22
33
52
60

Os internautas que efectuam recolha de informação politica estão em crescimento e não deve ser desprezada a influência que este medium tem junto de segmentos que os outros media, chamados de tradicionais, não conseguem ter. O gráfico seguinte indica os valores de audiência da Internet nos Estados Unidos em comparação com outros media e em relação ao contexto político. A Internet já ultrapassou as revistas e a rádio, e a perspectiva aponta para um crescimento capaz de superar os jornais como fonte para a recolha de informações sobre os candidatos a eleições.

Gráfico 01 – Comparativo percentual de audiências e internautas no que se refere à recolha de informações sobre os candidatos nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2008
Fonte - The Internet's Role in Campaign 2008 - Pew Internet e Election 2006 Online - Pew Internet


O caso Obama
As eleições presidenciais norte americanas de 2008, que levaram Barak Obama[3] à presidência, são um exemplo das potencialidades da Internet quando aplicada à Comunicação Política. Com a utilização de plataformas como o Twitter e o Facebook, abertura de blogs e fóruns de discussão, colocação de vídeos na Internet, aplicações para o iPhone e até a criação de uma rede social, “Obama aprendeu a cultivar os potenciais novos eleitores de base que a Internet tornou acessíveis” (Libert e Faulk, 2009: 61). Criou uma comunicação directa e de participação bastante activa com os seus apoiantes. Os pequenos donativos conseguidos através da internet, por exemplo, foram muito importantes, tal como a capacidade de incentivo ao recenseamento de vários jovens – “…million of new voters were registered for the November election, setting the stage for a record voter turnout” (Castells, 2009: 369).
Manuel Castells no livro Communication Power (2009) considera ter sido determinante na estratégia eleitoral de Obama o facto de ter conseguido passar para a internet o clássico modelo de organização comunitária[4] desenvolvido há 50 anos por Saul Alinsky[5].
Em Novembro de 2006, Obama reuniu-se no escritório do consultor político David Axelrod, em Chicago, com um núcleo duro bastante restrito e formado, para além das duas figuras atrás referidas, pela “sua esposa Michelle, o gestor de campanha David Plouffe, o futuro director de comunicação, Robert Gibbs, e os conselheiros de longa data Marty Nesbitt e Valerie Jarrett” (Libert e Faulk, 2009: 77). Obama estava convencido que os Estados Unidos da América estavam preparados para a mudança que viria a ser trazida, por um lado, pelo seu carisma e modernidade discursiva, e por outro, pela inovadora campanha eleitoral. Hillary Clinton, sua opositora nas primárias, iria ter o apoio das altas patentes e conseguir fortes apoios “mas o espírito e o coração de Obama diziam-lhe que deveria enveredar por um caminho novo e radicalmente diferente” (Libert e Faulk, 2009: 77). Ao contrário da sua adversária, a campanha de Obama teria de ser de baixo para cima, para as massas: “As grandes massas a que Obama pretendia chegar encontravam-se na Internet –os novos media alimentados pelos cidadãos e, sobretudo, os conteúdos criados pelos próprios utilizadores. Se conseguisse passar a sua mensagem de mudança para os milhões  que se encontravam online, poderia reunir fundos de campanha astronómicos e mobilizar um exército dedicado de colaboradores” (Libert e Faulk, 2009: 78). Obama teria de se envolver com os netroots[6].
O estudo realizado pela Pew Internet and American Life Project, mostra que a estratégia de Obama conseguiu chegar ao público alvo. Como se pode verificar na tabela 02 os apoiantes de Obama apresentavam uma maior acção  através da internet do que os apoiantes de Hillary. Eles eram mais activos a assinar petições online, a comentar actos políticos e a efectuar donativos monetários, “Obama supporters were considerably more active in using the Internet for political purposes than the supporters of any other political campaign in 2008” (Castells, 2009: 390).

Tabela 02 – Níveis percentuais de activismo online por parte dos apoiantes de Obama e de Hillary Clinton durante as primárias das eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2008. (n=516 utilizadores de internet; margem de erro +/- 5%)
Fonte – Pew Internet and American Life Project in Castells, 2009
Activistas online:
Apoiantes de Obama
Apoiantes de Hillary
Assinar uma petição online (%)
24
11
Comentar uma acção política (%)
23
13
Efectuar um donativo a um candidato pela internet (%)
17
8

Outra forma de mostrar que a acção dos apoiantes de Obama era mais forte através da internet do que a dos de Hillary, são os números do facebook. Obama atingiu o número impressionante de 1.120.565 apoiantes, em comparação com os 158.970 de Hillary, e os 119.000 de John McCain, candidato republicano (Castells, 2009).
 Na equipa de Barak Obama houve um actor que se destacou na definição da estratégia online do candidato[7], Chris Hughes. Um jovem com 25 anos “de cabelo loiro desgrenhado, extrovertido, falava sem rodeios, com traços de sotaque do sul por ter crescido em Hickory, na Carolina do Norte” (Mezrich, 2010: 110) e que fez parte do processo de criação de um sítio de acesso livre para que os estudantes da Universidade de Harvard pudessem comunicar entre si: o Facebook. Hughes criou um sítio/rede social com o nome de My.barakObama.com e que viria a ficar carinhosamente apelidado de MYBO. Tal como no Facebook, eram os visitantes que alimentavam o desenvolvimento do mesmo com a criação da sua própria página. Para além de um importante veiculo de passagem da mensagem de Obama, esta rede social foi um elemento fundamental na organização dos mais de 150 mil eventos relacionados com a campanha. My.BarackObama.com atingiu 15 milhões de membros, reunidos em 35 mil grupos diferentes, organizados de acordo com a área geográfica, profissão e interesses comuns, inclusive segundo o grupo musical favorito.
Grande parte dos 639 milhões de dólares de contribuições para a campanha de Obama foram doados através da internet. Tal facto comprova a relação identificada por Bruce Bimber entre a prédisposição para a doação monetária para apoio a candidatos através da internet e a utilização da internet como meio de actualização da informação política, “One is that the kind of people who are likely to donate money in an election year are also likely to obtain political information through the Internet (2003:221).
A estratégia da campanha de Obama para as novas tecnologias não se limitou à criação de uma rede social. O design criado foi também aplicado ao Facebook, MySpace, Linkedin, Twitter, Digg e Scribd. Todos os conteúdos eram editados de acordo com o perfil da rede social, “o Twitter permite que os seus membros mantenham o contacto diário com blogs curtos. Quando o plano energético do candidato ficou pronto, pequenas mensagens de actualização enviadas para o Twitter permitiam aos seus utilizadores saber que podiam ler o programa eleitoral na integra no sítio de Obama. Uma cópia do programa foi enviada para o Scribd.com, um local de partilha de documentos, para ser anexa à página de perfil de Obama aí criada. No LickedIn.com, um sítio criado com o intuito de estabelecer ligações entre os seus membros, Obama deu início a um debate sobre o futuro da economia americana. Na SeconfLife.com, o mundo virtual mais popular da Internet, o grupo de apoio a Obama a presidente patrocinou um festival de música para angariar dinheiro para a campanha” (Libert e Faulk, 2009: 103). 
No sítio de partilha de ficheiros de vídeo YouTube, a campanha de Obama criou um canal onde disponibilizava vídeos. O editor Arun Chaudhary,[8] juntamente com a sua equipa, acompanhou o candidato por todos os locais com o objectivo de mostrar pela Internet todos os acontecimentos da campanha: “qual a necessidade de ter alguém com um microfone na mão a dizer aquilo que Obama hoje disse, quando a própria pessoa pode ver aquilo que Obama disse hoje?” (National Journal Magazine)[9]. Ainda antes da campanha, foi nesta rede de partilha de vídeos que, a 16 de Janeiro de 2007, o actual presidente dos Estados Unidos da América anunciou a criação de uma Comissão Exploratória para a sua candidatura. O vídeo tinha o nome de Barack Obama; my plans for 2008[10].
Também os adversários de Obama fizeram uso da Internet, em particular  do YouTube e da colocação de vídeos online, mas o investimento por parte da equipa de Obama foi maior, “a campanha de (Hillary) Clinton[11] apenas tinha uma pessoa responsável pela reportagem de vídeo, Obama tinha entre dois e quatro elementos para filmar, editar e colocar o vídeo na net podendo fazer vídeos de vários ângulos,”eram rápidos a colocar o vídeo na Internet e rápidos a alertarem a comunidade da existência de um novo vídeo disponível na Internet” (Jarboe, 2009:381). O canal de Obama no YouTube recebeu 1760 vídeos que foram vistos 93,926,314 vezes, enquanto que o canal de John McCain, adversário na eleição ao cargo de Presidente dos Estados Unidos, disponibilizou 327 vídeos, vistos aproximadamente 24 milhões de vezes (Jarboe, 2009:64).
Um episódio curioso, e que mostra a capacidade do YouTube, aconteceu ainda nas primárias quando Obama perdeu as eleições em New Hampshire para a sua rival Hillary Clinton. Depois de conhecidos os resultados, o derrotado não acusou o momento de fragilidade e fez um dos discursos[12] mais inspirados e galvanizadores. Tal atinge a uma cúspide com a criação do slogan “Yes, we can”[13] e que poderíamos observar, em tom coloquial, como a cereja no topo do bolo. Já dissemos que o discurso foi inspirado, mas também foi inspirador. O líder dos Black Eyed Peas, Will I Am, por sua livre iniciativa, fez um videoclip realizado por Jesse Dylan[14] com a participação de várias estrelas da música norte americana em que a letra foi parte do discurso de Obama[15]. O videoclip foi colocado no YouTube, com o nome Yes We Can – Barack Obama Music Vídeo[16], e foi um dos vídeos políticos mais vistos, com mais de 17 milhões de visualizações (Castells, 2009). Outro exemplo foi o vídeo I’ve got a crush on Obama[17] realizado pelo publicitário Ben Relles e com a modelo Amber Lee Ettinger a cantar uma música de apoio a Obama. Para além do torneado corpo e  rosto bem definido da modelo, o vídeo é ilustrado com várias fotos de Obama como a célebre imagem de Obama na praia a correr em tronco nu.
À distância de meio ano das eleições de 2012 para a Presidência norte americana[18], o staff de Obama trabalha arduamente para conseguir a reeleição do Presidente. A campanha de Obama apresenta no campo da despesa total 75 milhões de dólares, mais 8 milhões que o total gasto pelo candidato republicano Mitt Romney.
A análise da tabela 03 permite concluir a estratégia apresentada até ao momento por cada um dos candidatos através da análise do valor das despesas de cada um. Não deixa de ser surpreendente a diferença de gastos de cada uma das campanhas em TV/Rádio, publicidade e no Staff. A comparação apresentada torna-se frágil pelo facto de Obama ter sido nomeado candidato democrata há vários meses e  Mitt Romney ter demorado mais tempo a assegurar a sua nomeação pelos democratas.

Tabela 03 – Comparação de algumas despesas entre as candidaturas de Barak Obama e de Mitt Romney a 7 meses do acto eleitoral
Fonte: The Economist – 14 de Abril de 2012

Barak Obama
Mitt Romney
TV/Rádio

3 Milhões de dólares
14 Milhões de dólares
Publicidade

12 Milhões de dólares
1 Milhão de dólares
Staff

15 Milhões de dólares
5 Milhões de dólares
Online
12 Milhões de dólares
1 Milhão de dólares
Total

75 Milhões de dólares
67 Milhões de dólares

A estratégia da campanha de Obama apresenta semelhanças com o que foi feito em 2008. Neste momento a grande aposta é na criação de uma rede de voluntários recrutados e coordenados online. A 5 meses das eleições são estabelecidos o maior número possível de contactos pessoais, “online, porta a porta, com uma cuidada coordenação, e telefónicos” (The Economist – 14 de Abril de 2012)
Os estrategas da campanha de Obama acreditam que os eleitores são mais fáceis de convencer por aqueles com que se relacionam do que através da publicidade ou dos media. Para além disso, evita-se a mediação que é feita pelos jornalistas numa mensagem. Para a concretização deste objectivo é necessário um investimento muito forte no estabelecimento de relações e na criação de condições propícias para a realização de contactos. A internet é fundamental na concretização deste objectivo.
Apesar das eleições serem em Novembro, o staff de Obama trabalha para conseguir ter um grande número de likes no Facebook e inscrições nos vários sítios que foram criados de acordo com a segmentação do eleitorado. A estratégia tem em conta um pormenorizado trabalho de segmentação do eleitorado norte-americano e por isso uma atenção especial para classes como os jovens, os idosos, as mulheres, grupos religiosos, minorias raciais, e homossexuais. Há sítios de internet específicos para cada um dos estados da união e outros sítios para estratos da sociedade como as mulheres e os veteranos.
O período ainda não é de campanha eleitoral e por isso é necessário manter uma motivação nos vários voluntários para que o cansaço não chegue antes do início do verdadeiro trabalho. Há eventos propositadamente organizados para os voluntários da campanha de Obama, como por exemplo um concerto com o grupo de rock Red Hot Chili Peppers.
A leitura de dados de Abril de 2012 indica que foram realizados 30.000 eventos e recebidos donativos de mais de 500.000 pessoas, muitas delas a contribuírem pela primeira vez.
A estratégia de comunicação criada pela candidatura de Obama às eleições de 2008 deve ser vista como um momento de referência e de fronteira para um novo espaço de utilização das NTIC na Comunicação Politica. A dinâmica criada tornou mais fácil a consolidação de um relacionamento com um novo conjunto de eleitores, os jovens, e com camadas da população até então pouco activas na formação de consciência cívica e promotora de referências. Nunca o apelo à participação cívica e à intervenção social foi tão sentida por um conjunto da população que, em alguns casos, exerceu o direito de voto pela primeira vez. O contributo das NTIC foi fundamental e único.

O caso dos “OCUPA”
O caso Obama é um exemplo de aproveitamento estruturado e pensado das capacidades disponibilizadas pela Internet para Comunicação Política. No entanto, a ausência de um pensamento estratégico inviabiliza o aproveitamento das capacidades comunicacionais da Internet. Um dos maus exemplos é o caso do movimento dos ocupas, particularmente dos que se instalaram à porta da bolsa de Nova Iorque, na Wall Street.
Desde o início da crise mundial das dívidas soberanas que grupos de jovens, e alguns menos jovens, têm-se instalado em acampamentos junto de locais que simbolizam o poder político e económico[19]. 
Não são claros os valores e as ideologias defendidas. Percebe-se que lutam por igualdade nas oportunidades e pela defesa de um sistema financeiro capaz de reflectir justiça. Até parece que estes grupos são a herança ou a evolução na forma de protesto, dos grupos antiglobalização que a partir dos anos 90 do século passado geravam o caos em cidades onde se reuniam organizações como: Fundo Monetário Internacional (FMI); Organização Mundial de Comércio (OMC) e o grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia (G8)[20].
O movimento dos ocupas está refém de uma incoerência ideológica motivada pela ausência de uma ideologia comum. Isto é, a união do grupo não está no que defendem e nos seus ideais, mas sim nos valores dos protestos. A tentação de nova comparação com os movimentos antiglobalização é grande, pois estes eram formados por elementos de várias ideologias como: anarquistas, antimilitaristas, católicos progressistas, ecologistas, feministas, marxistas, pacifistas, sindicalistas, e outros grupos sem uma pertença específica a nenhuma organização ou ideologia.
A diversidade de ideologias que coabitam no movimento dos ocupa cria um melting pot que dificulta a passagem da mensagem para o exterior do grupo. O todo é  constituído por clusters que dificulta a criação de uma narrativa clara e objectiva capaz de marcar e “explicar a sua agenda ao mundo” (2012, Abril 07). São estruturas anti-hierárquicas, sem liderança, sem autoridade, espontâneas e antónimas às instituições políticas com quem os jornalistas lidam. A incoerência de valores dificulta o papel de mediação dos jornalistas na mediação e cria interferências na formação de opinião.     
As NTIC dotam o cidadão da capacidade de produzir e difundir conteúdos de forma simples e a baixo custo. Cada pessoa é um produtor de conteúdos sem necessidade de transportar grandes máquinas para o local de produção ou de se deslocar a estúdios específicos. Em qualquer esquina ou qualquer café, em qualquer estação de comboios ou numa viagem de barco, num jardim ou numa biblioteca, o cidadão comum tem ao seu dispor a possibilidade de produzir e difundir de forma simples e económica. Esta capacidade, também, está disponível para os elementos que ocupam e constituem os grupos de protesto aqui focados.
Ao fazerem uso da capacidade de produzir e difundir conteúdos os ocupas transportam para o espaço dos novos media[21]a incoerência de valores comuns a todos os elementos do grupo e a instalação de um espaço virtual sem hierarquia. Fecham-se nos seus próprios modelos de comunicação com “o uso das redes sociais, como o twitter e o youtube, para a organização e documentação das suas actividades” (2012, Abril 07). Proliferam os espaços virtuais criados por elementos que fazem parte do mesmo grupo de ocupas, como acontece com os manifestantes de Wall Street que têm várias páginas de internet[22], blogs e fóruns de discussão traduzindo para o espaço virtual a mesma confusão e incoerência que existe no espaço físico do protesto.
Todo este pluralismo não é isento de virtudes. A diversidade de ideias é propícia à criação e enriquecimento de um enorme espaço de discussão e de debate no seio do grupo. Aos olhos exteriores o pluralismo é visto como incoerência e “faz com que os ocupantes sejam muito bons a falarem para dentro do grupo, mas incompreendidos na tentativa de se fazerem entender junto de estranhos ao grupo, mesmo para quem com eles simpatiza” (2012, Abril 07).

A utilização da Internet na Comunicação Politica
Não sendo exclusivas da Comunicação Política, as ferramentas apresentadas são as mais tradicionais para se comunicar através da Internet, efectuando-se por vezes a combinação de várias destas formas: os sítios da Internet ou páginas web, banners, emails, redes sociais e blogs.
A utilização de um sítio na Internet é uma forma contínua de presença e um espaço de constante contacto. É necessário que exista uma preocupação com a sua actualização já que um sítio é um conjunto de páginas que poderão conter, de forma isolada ou em coabitação, textos, fotos, animações e áudio e permitem a “transmissão de mensagens aos potenciais eleitores e oferecem a possibilidade de interacção com eles” (Saiz, 2007: 220). Para além da necessidade de ser intuitiva, para que o internauta perceba qual a sua localização e facilmente consiga chegar ao local onde a informação que procura se encontra, a página de Internet, para além de esteticamente agradável, deve também ter em conta a necessidade de percepção dos locais onde devem ser accionadas as ligações, isto é, os locais onde o internauta deve de dar uma ordem. No caso de uma página construída para umas eleições, Francisco Saiz (2007: 220,221) considera ser essencial seguir uma ordem lógica que tem como ponto de partida a definição de como se pretende que seja a percepção da informação a ser transmitida, depois, deve ser criada uma arquitectura para a página, estabelecer uma lista de temas a comunicar, hierarquizar a informação para finalmente, depois de concluídas estas tarefas, solicitar que os responsáveis pela construção de páginas na Internet a possam conceber. Ao fazer uso desta ferramenta comunicacional, importa que esta tenha várias visitas e que quem o faz permaneça o maior espaço de tempo possível, já que isso indica que quem visita a página encontra a informação pretendida e que se sente bem no sítio.
Outra ferramenta são os banners, “uma das formas mais clássicas de publicidade em linha” (Scherer: 2009, 25). São módulos de publicidade colocados nas páginas de Internet. Tendo em conta que os objectivos destes não é apenas o de serem vistos, já que permitem a ligação às páginas promovidas, é o número de solicitações dessa ligação que dá uma das formas de avaliar a sua eficiência. Os banners, no objectivo de se tornarem cativantes, podem conter animações e sonorizações e devem estar inseridos em zonas apelativas das páginas para assim conseguirem chamar a atenção. A tecnologia disponível permite que os banners tenham interactividade e uma das mais recentes novidades é o sistema mouse-move-banner, “um novo formato de banner que persegue o rato nos seus movimentos (Saiz, 2007: 224)
Uma das formas de comunicação mais usadas é o correio electrónico “que tem como objectivo o envio e organização de mensagens entre utilizadores” (Sousa, 2009: 190). De uso extremamente económico, acarreta o problema da saturação que poderá ser ultrapassado através da subscrição, isto é, a criação de uma lista com verdadeiros interessados em receber a mensagem. Para cada caixa de correio existe um endereço capaz de receber e enviar mensagens que suportam texto e multimédia. A tabela 04 apresenta algumas das vantagens no uso deste sistema.

Tabela 04 - Vantagens no uso de correio electrónico.
Fonte - Francisco Saiz, 2007[23]

Vantagens do correio electrónico
Custos baixos quando comparados com o correio tradicional.
Permite um diálogo individualizado (one-to-one).
Permite adaptar o formato da comunicação ao modelo pretendido (carta, newsletter etc.).
É de fácil uso e sem necessidade de grandes gastos em criatividade.
Permite a monitorização dos resultados em tempo real.
Não há limite para a informação a passar (deve imperar no entanto algum bom senso pois pretende-se uma leitura agradável).
Sistema amigo do ambiente (ausência de papel).

            As ferramentas que foram apresentadas são as mais tradicionais na comunicação através da Internet, no entanto a Web 2.0 abriu espaço para novas formas que não podem ser desprezadas nos dias de hoje. Falamos de ferramentas comunicacionais acessíveis pela Internet como as redes sociais e os blogs.
           As redes sociais são espaços de comunicação em princípio potenciadores do diálogo, algumas são verdadeiros fenómenos de popularidade como o Myspace ou Facebook, “que criaram o sentimento de pertença e desenvolveram relações entre pessoas num ambiente on-line. (Sendien: 2009, 149). Poderão estar segmentadas com maior ou menor precisão, de acordo com factores dos seus utilizadores como, por exemplo, a idade, a ocupação, gostos etc. 
             Apesar de terem aparecido em finais dos anos 90, os blogs, que podem ser considerados “como uma alternativa à criação de sites pessoais, em substituição da criação das tradicionais páginas de web” (Sousa, 2009: 196), tiveram a sua popularização a partir dos primeiros anos do século XXI e são hoje em dia “parte integrante da nova paisagem mediática” (Scherer: 2009, 30). Grosso modo, um blog é um sítio “actualizado com frequência com nova informação, sobre um ou vários temas” (Dionísio et al, 2009: 194) e capaz de proporcionar uma maior interactividade através das reacções ao que é inserido pelo autor. A sua arquitectura está preparada para que a última inserção colocada pelo autor seja a primeira a ser vista por quem visita o blog. Por serem bastante económicos, permitirem um bom nível de interactividade e tecnicamente serem fáceis de criar e manter, os blogs proliferam em várias áreas temáticas, “o blogue permite a todos publicar, sem que tenham necessariamente um editor ou a patente de gatekeeper” (Granieri, 2006: 31), criando, em alguns casos, uma vasta área de influência e um espaço próprio ao qual se deu o nome blogosfera[24].

Conclusões
         O crescimento do uso da Internet e, mais tarde, as capacidades de interactividade trazidas pela Web 2.0, criaram uma maior pressão à necessidade de adaptação e à utilização da Internet enquanto medium promotor de novas capacidades de comunicação e agregador de novas audiências. Consideramos que um dos elementos fundamentais para a Internet ser o que é hoje, foi o facto dos seus desenvolvimentos se terem verificado numa base de ambiente de liberdade, nunca abrangidos, como noutros casos, por segredos militares ou intuitos comerciais. Esse ambiente permitiu contributos vários para o desenvolvimentos da Internet e é um ponto basilar em muitos dos temas discutidos na órbita da Internet, como os direitos de autor e o recente caso Wikileaks.
      Ao entrar com tanto impacto no quotidiano das sociedades, a Internet provocou alterações nucleares, que jamais poderão ser consideradas como passageiras. Na Comunicação Política, abriu espaço para chegar e cativar novos segmentos, que de outra forma quase que eram inatingíveis. O caso das eleições norte americanas que levaram Barak Obama à Casa Branca, são um exemplo da força deste novo medium e das capacidades comunicativas trazidas por este meio. Será errado pensar que foi apenas a estratégia de usar a Internet, criando uma rede social própria, e o aproveitamento máximo dos seus recursos, que levaram à vitória de Obama. Mas certo, porém, será dizer que houve um grande contributo da Internet para a vitória do primeiro homem negro numas presidenciais norte americanas. Não só conseguiu chegar a novos segmentos, como possibilitou a captação de donativos e uma dinamização de apoiantes inimaginável até então. O que funcionou nos Estados Unidos com a campanha de Obama, pode não funcionar noutros países. A sociedade norte americana apresenta características muito próprias em contexto eleitoral.
          Se a equipa de Obama permitiu agrupar todos os seus apoiantes numa estratégia com recurso à Internet, o mesmo não se pode dizer do movimento dos ocupas, particularmente os de Wall Street, por terem sido o caso apresentado. A falta de um elemento de união não se faz apenas sentir nos valores e nos ideias defendidos. Tal situação reflecte-se na dificuldade que sentem em passar a mensagem apesar de dizerem representar 99% da população. A ausência de valores em comum e a fácil possibilidade de produzir e difundir conteúdos fragmenta a mensagem e as posições assumidas.
As formas de estar presente na Internet são várias: sítios, banners, emails; redes sociais, blogs, etc. Em Portugal as eleições Legislativas de 2009 são um exemplo da presença em massa por parte das estruturas partidárias na Internet. Por moda ou verdadeira crença nas potencialidades da Internet, os principais partidos políticos criaram estratégias próprias para a presença online. Apesar dos investimentos e das potencialidades permitidas variarem de organização para organização, a verdade é que a presença foi forte e em alguns casos verificou-se a criação de páginas específicas para as eleições.
         O verdadeiro impacto destas ferramentas em qualquer área  ainda está por medir. No caso da Comunicação Política, o verdadeiro impacto só poderá ser avaliado quando a geração digital, não os actuais jovens eleitores que migraram de uma geração analógica para a digital, mas os que nasceram sobre a influência do mundo digital, forem maiores de idade e poderem exercer o voto. Nota-se um investimento por parte das organizações políticas nas novas tecnologias, mas será apenas uma moda ou o impacto justifica os meios?

Bibliografia:
BIMBER, Bruce (2003). Infornation and American democracy: Technology in the Evolution of Political Power. New York: Cambridge University Press
CANEL, Maria José, (2006) Comunicación política. Un guía para su estudio y práctica, Madrid, Editorial Tecnos.
CASTELLS, Manuel, (2007) A Galáxia Internet – Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
CASTELLS, Manuel, (2009) Communication Power. New York, Oxford University Press
DIONISIO, Pedro et al, (2009) B-mercator –Blended Marketing, Lisboa, Dom Quixote.
GRANIERI, Giuseppe, (2006) Geração blogue, Lisboa, Editorial Presença.
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MEZRICH, Ben, (2010) Milionários acidentais, Lisboa, Lua de papel.
MURPHY, Patricia & CUNNINGHAM, James, (2003) Organizing for Community Controlled development: Renewing Civil Society. Thousand Oaks – Califórnia, Sage.
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Imprensa:
Autor desconhecido/texto não assinado (07 de Abril de 2012) Occupy Wall Street ant the Media – Talking about a Revolution. The Economist Edição online.
Autor desconhecido/texto não assinado (14 de Abril de 2012) The Obama Campaign - Growing the Grassroots. The Economist, Edição online.
Internet:
www.internetworldststs.com  -Acesso em  Maio de 2012



[1] Os resultados são baseados nas conclusões do inquérito pós-eleitoral - uma pesquisa de acompanhamento diário sobre o uso dos americanos da Internet. Os resultados apresentados são baseados em dados de entrevistas telefónicas em lares dos Estados Unidos realizadas pela Princeton Survey Research Associates International entre 20 de Novembro e 04 de Dezembro de 2008 numa amostra de 2,254 adultos, com mais de 18 anos de idade. Para os resultados com base na amostra total o índice de confiança é de 95%, sendo o erro de amostragem e outros efeitos aleatórios de mais ou menos 2,4%.
[2] Projecto totalmente independente da Pew Research Center que visa estudar do impacto da Internet na sociedade norte americana.
[3] Barak Obama nasceu em 1961 em Honolulu, no estado americano do Havai. De pai negro, com origens no Quénia, e mãe branca, Obama viveu na Indonésia com a sua mãe regressando aos Estados Unidos, para casa dos seus avós maternos, com a idade de 10 anos. Depois de eleito Senador pelo estado de Illinois, tornou-se candidato pelo partido Democrata ao cargo de Presidente do E.U.A. Com a maior votação de sempre  obtida por um candidato em eleições à presidência norte americana: 69.4 milhões de votos, foi eleito 44º presidente da América  e o primeiro negro a ocupar tão importante cargo. 
[4] Para um conhecimento mais aprofundado deste modelo consultar  a obra de Patricia Murphy e James Cunningham,  Organizing for Community Controlled development: Renewing Civil Society. Califórnia, Sage, 2003.
[5] Com as obras Reveille for Radicals (1946) e Rules for Radicals (1971), Saul Alinsky foi o primeiro americano a desenvolver estratégias para a organização comunitária. Por organização comunitária entende-se a acção conjunta de cidadãos na tentativa de conseguir proveitos a favor da sua comunidade. É uma forma de activismo político.
[6] Termo criado para descrever o activismo político do cidadão comum, tornado possível através das redes de socialização na World Wide Web.
[7] Não terá sido o único a contribuir para que a mensagem de Obama tenha chegado aos jovens. Outro importante elemento para garantir o apoio dos mais jovens foi Hans Riemer, dinamizador do movimento Rock the Vote. Constituído em Los Angeles nos anos 90, este movimento tem como missão envolver os jovens com o poder e a participação política. A música, a cultura popular e as novas tecnologias são os veículos utilizados para a promoção de uma responsabilidade cívica e politica junto dos jovens com o objectivo de levar os jovens ao recenseamento e à participação eleitoral. Para mais pormenores sobre o movimento consultar o sitio oficial em www.rockthevote.com
[8] Professor da Escola de Cinema da Universidade de Nova Iorque.
[10] Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=H5h95s0OuEg
[11] Adversária de Obama nas primárias.
[12] Discurso proferido a 08 de Janeiro de 2008, em Nashua, New Hampshire.
[13] Sim, nós podemos.
[14] Filho do popular cantor Bob Dylan
[15] Excertos do discurso utilizado como letra do tema musical: Foi um credo inscrito nos documentos fundadores que proclamaram o destino de uma nação. Sim, nós podemos. Foi sussurrado por escravos e abolicionistas quando rasgaram um caminho para a liberdade através da noite mais escura. Sim, nós podemos. Foi cantado por imigrantes quando chegaram de terras distantes, e por pioneiros que abriram caminho para Oeste contra uma natureza impiedosa. Sim, nós podemos. Foi o grito de trabalhadores que se organizaram, de mulheres que agarraram nos boletins de voto, de um presidente que fez da lua a nossa nova fronteira, de um rei que nos levou ao cimo da montanha e nos apontou o caminho para a terra prometida. Sim, nós podemos aspirar à  justiça e à igualdade. Sim, nós podemos ter a oportunidade e a prosperidade. Sim, nós podemos curar esta nação. Sim, nós podemos consertar este mundo. Sim, nós podemos. E assim, amanhã, quando levarmos esta campanha para o Sul e para Oeste; quando percebermos que as lutas do trabalhador da indústria têxtil de Spartanbourg não são assim tão diferentes das aflições do lavador de pratos de Las Vegas; que as esperanças da menina que frequenta uma escola degradada em Dillon são idênticas aos sonhos do rapaz que aprende nas ruas de Los Angeles, iremos lembrar-nos de que algo se está a passar na América; de que não estamos tão divididos quanto os políticos sugerem; de que somos um só povo; somos uma só nação; e, juntos, iremos abrir o próximo grande capítulo da história da América com três palavras que irão ressoar de costa a costa, de mar a mar cintilante: sim, nós podemos.
[16] Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=SsV2O4fCgjk
[17] Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=dyjXt1zSXHU
[18] A 57ª eleição presidencial nos Estados Unidos da América realiza-se a 06 de Novembro.
[19] Alguns dos locais onde se verificaram acampamentos: Madrid; Londres; Los Angeles e Nova Yorque
[20] Os confrontos mais marcantes entre activistas do movimento antiglobalização e as forças policiais verificaram-se em 1999 na Alemanha, na cidade de Colónia, na reunião do FMI, e nos Estados Unidos da América, na cidade de Seattle, numa reunião da OMC, onde se verificou a impossibilidade de presença de algumas delegações na reunião devido ao caos que os confrontos provocaram.
[21] Por novos media encaramos os media sem mediação por parte de jornalistas ou sob a regras de qualquer modelo de getekeeping
[22] Exemplos de alguns sítios criados por elementos que constituem o grupo de ocupas de Wall Street: occupywallst.org;  occupywallstreet.net; occupytogether.org; occupycafe.org; interoccupy.org
[23] Em itálico surgem itens que foram acrescentados pelo autor.
[24] A expressão Blogosfera entende todos os blogs como se de uma comunidade se tratasse. Usado pela primeira vez em 1999 por um publicista chamado Brad L. Graham, quem o popularizou, três anos depois, foi William Quick, responsável pelo blog Daily Pundit (http://dailypundit.com/) que originou que a expressão fosse adaptada por exemplo por programas americanos de grande audiência como o Morning Edition da National Public Rádio.

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