quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O E-governo em Portugal



O presente trabalho tem o propósito de contextualizar a e-governo em Portugal no sentido de melhor se perceber o que está a ser feito e qual o caminho traçado. Assim, começamos por fazer um pequeno resumo histórico muito baseado no conhecimento de estratégias e objectivos.
Depois olhamos, tendo como bases a Tipologia de Gartner e as ideias de uma tipologia cultural para a avaliaçlão do e-gov de Filipe Montargil,  para os níveis de interpretação do e-gov. Para terminar, apresentamos uma avaliação da União Europeia (UE) sobre alguns serviços de e-gov em Portugal.

E-GOVERNO - 2003 /HOJE - PORTUGAL

A partir de 2003 a estratégia de e-gov em Portugal foi inspirada no Plano de Acção e-governo (Fev’03), que por sua vez, fazia parte do Plano de Acção para a Sociedade da Informação que coordenava as políticas para a Sociedade da Informação em Portugal. Este plano estipulava: Uma Sociedade da Informação para todos; Mais cidadania; Qualidade e eficácia nos serviços públicos e Novos caminhos para a criação de valor. Todas estas ideias estavam endereçadas para que o e-gov pudesse transformar o sector público numa organização focada no cliente/utente através da criação de serviços de alta qualidade com tecnologia. Os objectivos traçados passavam pela oferta de satisfação a todos os utentes com a possibilidade 24/7 ( 24 horas, 7 dias por semana); Redução de custos para todas as partes do processo; Maior transparência; Promoção da cidadania e da Sociedade de Informação e Obtenção de reconhecimento. Para além do desenvolvimento com foco no cidadão, todo o processo pretendia a modernização da Administração Pública, o desenvolvimento da tecnologia e a racionalização de custos.
No plano prático a todos competia qualquer coisa - Governo, Organismos públicos, cidadãos e empresas. Para o Governo Central ficava a promoção do e-gov e da participação dos cidadãos e a definição de estratégias e políticas no sentido de proporcionar recursos. Para os Organismos Públicos a tarefa consistia em fornecer serviços integrados, com mais qualidade, eficiência e com o foco no cliente. Por fim, para os cidadãos e empresas ficava a tarefa de adoptarem os serviços de e-gov de uma forma pro-activa para um melhor bem estar. - nascem um portal dedicado a empresas (www.portaldaempresa.pt) e um outro para os cidadãos (www.portaldocidadao.pt) .
Hoje o portal dedicado às empresas apresenta centenas de serviços para além da possibilidade de criação de empresas e consultoria com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI).  Quanto ao Portal do Cidadão, é um Canal de serviços públicos com as normais conveniências de uma loja no sentido físico[1]. São aproximadamente 100 serviços em mais de uma centena de organismos num site que já ganhou alguns prêmios – Índice KPBI 2005[2].
Nos dias de hoje a estratégia e concepção do e-governo português é dirigido pelo Plano Tecnológico, também conhecido como Choque Tecnológico, cujo o seu desenvolvimento é uma das peças-chave na política económica do actual governo com propósitos de estimular a inovação  e modernizar a Administração Pública.  Existem três bases que justificam o que atrás foi apresentado: I) Conhecimento – no sentido de dar qualificações que possibilitem a Sociedade do Conhecimento aumentando a qualificação  geral dos portugueses; II) Tecnológico – Impulsionar o desenvolvimento tecnológico e cientifico reforçando competências a nível público e privado. III) Inovação – Desenvolver a inovação para uma melhor resposta no sentido da competição e da globalização.
No que se refere à Administração Pública algumas acções são: Criação do cartão único; Criação do passaporte electrónico; Criação de uma universal electronic mailbox (uma conta de correio electrónico para cada cidadão),  Promoção de Democracia electrónica; Promoção de livrarias digitais e de redes.

E-GOV: TÉCNICO E  CULTURAL

Na avaliação de sites de e-gov existe uma escala que considerada como Standart  e que foi criada pela empresa de consultadoria: Gartner. Esta escala apresenta quatro estádios para os sites[3]: I) Presença; II) Interacção; III) Transacção e IV) Trasformação. Esta, Tipologia Standart , abriu as portas para outras escalas tão baseadas nesta que se tornam quase iguais e que foram desenvolvidas por outras empresas de consultadoria.[4]
           Apesar desta ser uma escala muito usada (tanto em nome próprio como em influência) a verdade é que apenas analisa desempenhos a nível tecnológico.  Notória, é a ausência de uma escala com critérios capazes de fazer a avaliação do ponto de vista cultural.
         Assim, e no sentido de colmatar esta ausência, apresentamos uma escala com dois critérios para efectuar a avaliação cultural:  ponto de vista interno vs externo[5]. Assim, para o autor, Filipe Montargil, o ponto de vista interno define o desenvolvimento de interesses do Estado/Administração, e do ponto de vista externo dá-se o desenvolvimento de interesses dos cidadãos.  
           Neste último caso, parte-se dos interesses do cidadão e quando chegamos a um ponto intermédio o desenvolvimento ocorre com base em mecanismos e dispositivos do Estado, para depois, numa última fase, no sentido de oferecer um retorno, colocar-se outra vez o interesse no utilizador/cidadão. Quando o processo parte dos interesses do Estado, na zona intermédia está no utilizador através do desenvolvimento dos serviços, e por fim centra-se, outra vez, no Estado. Não se fique no entanto a pensar que neste último de ponto de vista (interno) que o utilizador não pode aumentar a sua satisfação com os serviços prestados. Encontramos aqui uma Equifinalidade, já que mesmo quando o estado adopta uma postura baseada em si próprio para o desenvolvimento do e-gov, pode, ao mesmo tempo, proporcionar satisfação e possibilidade de resolução de problemas aos cidadãos.

              E-GOV: AVALIAÇÃO EUROPEIA –  CASO  PORTUGAL
         A União Europeia (EU), através do seu observatório para o e-gov lançou em Março de 2007 um documento baseado em estudos da empresa de consultadoria  Capgemini desenvolvidos para a UE (Junho 2006), sobre o estado do e-gov nos paises da Europa a 25. [6]
Para a avaliação do estado de sofisticação de alguns serviços de e-gov é utilizada  a seguinte escala[7]:
·      Estado 1 – INFORMATION – Informação on-line sobre os serviços.
·      Estado 2 – INTERACTION – Possibilidade de download de formulários.
·      Estado 3 – TWO WAY INTERACTION – Possibilidade de formas de procedimento automáticas incluindo a autenticação.
·      Estado 4 – TRANSACTION – Resistência de um canal em que tudo acontece (como uma loja física) incluindo o pagamento.
Quadro 1- Descrição de serviços para cidadãos e avaliação
SERVIÇOS PARA CIDADÃOS
SERVIÇO
MORADA
CONTEÚDO
AVALIAÇÃO
Imposto sobre o rendimento (IRS)
www.e-financas.gov.pt
Possibilidade de se efectuar toda a transacção; Consulta de estatísticas, simulações e confirmações.
TRANSACTION
Procura de emprego
www.iefp.pt
Serviços para empregados e desempregados; Informações sobre o mercado de trabalho e procura de emprego por regiões.
TRANSACTION
Segurança social
Subsidio de desemprego
www.seg-social.pt
Informações e formulários para download.
TRANSACTION
Segurança social
Abono de família
www.seg-social.pt
Informações e formulários para download.
INTERACTION
Segurança social
Bolsas para estudantes
www.asocialensinosuperior.pt
Informações e formulários para download.
INTERACTION
Documentação pessoal
Passaporte
www.portaldocidadao.pt
Possibilidade de se efectuar o pedido.
INTERACTION
Documentação pessoal
Carta de condução
www.dgv.pt/condutores
Informações e formulários para download.
INFORMATION e
INTERACTION
Registo de propriedade de viatura
/infoauto.pt
Informações e formulários para download.
INTERACTION
Licenças de construção
www.portaldocidadao.pt
Informações
INFORMATION
Declarações de polícia
Informações
INFORMATION e
INTERACTION
Bibliotecas públicas
www.poorbase.org
Disponibilidade de base de dados das bibliotecas públicas.
TRANSACTION
Certificados de nascimento e casamento
//certidões.portaldocidadao
.pt
Pedidos on line.
TWO WAY INTERACTION
Acesso ao ensino superior
www.acessoensinosuperior.pt
Informações e simulações
INTERACTION
Alteração de morada
www.portaldocidadao.pt
Os serviços centrais fazem a comunicação com os restantes serviços. A declaração necessita de ser assinada e entregue of-line
TWO WAY INTERACTION
Saúde
www.portaldocidadao.pt
Várias informações
TWO WAY INTERACTION



Quadro 2- Descrição de serviços para empresas e avaliação
SERVIÇOS PARA EMPRESAS
SERVIÇO
MORADA
CONTEÚDO
AVALIAÇÃO
Segurança social – Contribuição das empresas
www.seg-social.pt
Declarações on-line, possibilidade de pagamentos
TRANSACTION
Impostos - IRC
www.e-financas.gov.pt
Iguais possibilidades apresentadas para os cidadãos no IRS
TRANSACTION
Registo de nova empresa
www.efe.iapmei.pt
Informações e registos on line.
TRANSACTION
Declarações aduaneiras
www.e-financas.gov.pt/de/jsp-dgaiec/main.jsp
Declarações on-line.
TRANSACTION
Ambiente
www.iambiente.pt
Informações e formulários para download.
INTERACTION
Compras
www.compragov.pt
Centralização de compras para o Governo e Administração pública.
TRANSACTION

De uma forma geral consideramos que tanto para os cidadãos como para as empresas os vários serviços analisados apresentam  estados elevados com a referência a que muitos se encontram no nível máximo da escala. Lembramos no entanto, que esta é apenas uma escala para fazer a avaliação do ponto de vista tecnológico (engenharia informática)

                  BIBLIOGRAFIA:


·       MONTARGIL, Filipe (2006) O Governo electrónico: entre a interactividade técnica e o retorno para o cidadão em Comunicação e Marketing Político – Contributos Pedagógicos, Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa




[1] Baseamos a afirmação nas lojas do cidadão espalhadas pelo país.
[2] O Índice KPBI30 (www.marketware.pt/indice.php) caracteriza-se por ser de natureza empresarial, onde estão representados os websites nacionais mais representativos de seis sectores de actividade
[3] Esta escala foi desenvolvida no trabalho referente à AULA 1.
[4] Como por exemplo: Capgemini e Accenture
[5] MONTARGIL, Filipe O Governo electrónico: entre a interactividade técnica e o retorno para o cidadão em Comunicação e Marketing Político – Contributos Pedagógicos, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas .UTL (2006)
[6] Este documento poderá ser baixado em http://ec.europa.eu/idabc/en/chapter/383 tal como os documentos referente aos outros 24 paises
[7] Esta escala é praticamente a escala adoptada pela CAPGEMINI o que não admira pelo facto do estudo da EU ser feito com base de estudos elaborados por esta empresa de consultadoria.

Segmentação na comunicação/marketing político


             INTRODUÇÃO

A Segmentação, juntamente com a Tipologia, é um dos modelos de tratamento de dados em Marketing Político assentes num método baseado nas semelhanças entre indivíduos e que permite, através das suas conclusões,  potenciar característica várias como por exemplo a comunicações e/ou o seu conteúdo, e em última analise, os resultados numa eleição.
O presente trabalho tem como objectivo explicar a segmentação, dar exemplos da aplicação deste modelo ao Marketing Político e por fim, apresentamos algumas reflexões próprias sobre este assunto.
Independentemente da natureza (qualitativa ou quantitativa), de entre as fases de um estudo destacamos o tratamento de dados. Depois da recolha é necessário trabalhar os dados para transformar os inputs em outputs, permitindo conclusões que sem o seu tratamento seriam impossíveis de conhecer. Com a segmentação é possível fazer a divisão de um conjunto em subconjuntos, que por sua vez são depois entendidos como conjuntos e divididos, numa espécie ciclo vicioso até ao momento de se considerarem conclusivas as indicações dadas pelos subconjuntos. É através da introdução variáveis (nesta caso explicativas) que se torna possível a identificação de grupos com comportamento/características semelhantes.
A explicação anterior é demasiado simplista por colocar de parte a existência e necessidade de análise de alguns aspectos essenciais para melhor se perceber toda a dinâmica da SEGMENTAÇÃO. São esses aspectos que a seguir se apresentam através dos capítulos: Segmentação, Variáveis, Critérios matemáticos; Clusters e por fim em jeito de conclusão Aplicação ao Marketing político onde se apresentam também algumas considerações próprias.

            SEGMENTAÇÃO

A segmentação é um processo capaz de dividir um conjunto em subconjuntos heterogéneos entre si, mas cada um constituído por elemento homogéneo. Cada subconjunto apresenta características particulares de distinção com os outros. Essas características, que são as variáveis, podem ser  várias: profissão, a faixa etária, área de residência, necessidades, estilo de vida, problemas que enfrentam, sexo etc. etc. etc. – A constante introdução de variáveis e do processo de segmentação poderá fazer chegar à distinção entre todos os elementos de um estudo – chegar à unidade estatística.
Atingir a unidade estatística i.e. conhecer as características que fazem de um elemento de um grupo único e diferente de todos os outros – tem estado na ordem do dia em relação ao marketing comercial permitindo assim um marketing personalizado e adaptado a cada uma das pessoas. Não saindo da abrangência deste trabalho temos a tentação de dizer que este conceito de marketing individual ou personalizado não é, nos dias de hoje uma miragem, o advento da informática e particularmente da Internet já permitem modelos de negócio como a livraria on-line Amazon, baseado no marketing individual.
Também no caso da política podemos encontrar diferentes segmentos. Com certeza que as pessoas do campo não são receptivas aos mesmos assuntos que as da cidade, ou que os jovens não são convencidos a votar em determinado partido com a mesma mensagem que é usada para convencer uma pessoa de idade. Para quem deve um partido falar? Quem são os que tem de convencer? Serão homens ou mulheres na sua maioria? Quem são os que gostam de nós? etc. etc.
Para uma empresa que comercializa um qualquer produto, a SEGMENTAÇÃO ajuda a conhecer quem são e quais as necessidades dos clientes, a adaptar os produtos às necessidades dos vários públicos, a conseguir um melhor posicionamento etc., Para um partido o contexto é similar, já que SEGMENTAÇÃO ajuda a perceber quem são os eleitores fiéis, como se caracterizam e onde estão são exemplos.
Há decisões que tem de ser tomadas e para isso os estudos com base na SEGMENTAÇÃO ajudam a tornar mais eficiente, por exemplo, a comunicação de um partido durante uma campanha eleitoral e consequentemente o seu desempenho na altura dos votos.



VARIÁVEIS
Importante para se perceber toda a mecânica adjacente à segmentação, é o estudo das variáveis, já que estas são a base dos critérios que efectuam a divisão dos conjuntos em subconjuntos. Num trabalho assente na SEGMENTAÇÃO, há sempre UMA E SÓ UMA VARIÁVEL A EXPLICAR, esta poderá ser métrica ou não, e é a razão de se efectuar determinado estudo. É a segmentação que nos dá a possibilidade de compreender essa variável a explicar. Depois temos as VARIÁVEIS EXPLICATIVAS, que são não métricas, e têm a capacidade de ajudar no trabalho de divisão do conjunto em subconjuntos.
Mas que critérios matemáticos são tidos em conta para a divisão de um grupo num subconjunto.

CRITÉRIOS MATEMÁTICOS

Chegou a altura de focarmos a nossa atenção nos critérios que permitem a divisão de um conjunto em subconjuntos. Já falámos neste trabalho em homogeneidade e heterogeneidade. Recapitulamos dizendo que na segmentação pretende-se que cada grupo seja o mais homogéneo dentro de si próprio (elementos que o constituem), mas que entre subconjuntos grupos se consiga a maior diferenciação.
No interior de cada grupo é possível medir a dispersão devemos no entanto de referir que grupos com valores que parecem iguais modas (elementos iguais mais repetidos) a dispersão varia: Como exemplo temos um conjunto de valores:
·      A= 9, 10, 11,  11, 11, 12, 13:
·      B= 3,  4,  11,  11, 11, 18, 19
Repare-se que nos dois grupos os valores centrais são iguais (3 x 11), mas em B a dispersão é maior. Se a dispersão é maior, então B é menos homogéneo que A, que por sua vez tem uma menor dispersão.
Por sua vez, entre grupos é possível efectuar a medição da distância entre eles.
As duas medidas harmonizam-se através da seguinte formula:

DISPERSÃO (A,B) + DISTANCIA (A, B) = k

Que quer dizer, que o aumento da dispersão faz diminuir a distância, ou vice-versa. De acordo com isto: temos que o ideal é uma baixa dispersão, que quer dizer grande homogeneidade no seio de um grupo, e uma distância grande entre grupos.

CLUSTERS
A análise Cluster (em português grupo, cacho, ramo de flores, juntar, reunir e aqui entendido como um conjunto homogéneo entre si) examina num conjunto inteiro relações interdependentes e não faz a distinção entre variáveis dependentes e independentes. O principal objectivo da análise de cluster é classificar objectos/pessoas em grupos homogéneos baseados em variáveis consideradas. Os objectos/pessoas similares ficam arrumados em grupos homogéneos em relação aos elementos que o compõem, mas heterogéneos em relação aos outros grupos que se vão formando. “Objects in a group are relatively similar in terms of these variables and different from objects in other groups” (Kinnear; Taylor; 1987: 664). 
Para melhor se perceber apresentamos um exemplo já conhecido mas agora analisado à luz desta explicação:
Temos o conjunto de eleitores portugueses.
TODOS OS ELEITORES
 
 



Numa eleição as pessoas podem ter um de dois comportamentos, o que dá com que o conjunto anterior se transforme em dois subconjuntos:
Desfizemos um grupo heterogéneo e de dispersão elevada, conjunto de todos os eleitores, em dois grupos que são distintos entre si mas que os elementos de cada um deles apresentam comportamentos semelhantes: de um lado todos votam do outro nenhum vota. Cada um destes grupos á luz da variável votar não votar apresentam uma dispersão reduzida. É claro que estes dois subconjuntos continuam a apresentar uma grande heterogeneidade em relação aos seus elementos, mas com a adição de mais uma variável: estes dois subconjuntos transformar-se-ão em mais subconjuntos. De referir quanto ao esquema apresentado, e isto é uma regra aplicada independente do número de divisões feitas com base num conjunto, que cada unidade estatística só pode pertencer a um grupo em cada patamar e que a soma de todos os subconjuntos terá de ser igual ao números de unidades de estatística do grupo base i.e, em relação ao esquema anterior, quem faz parte do grupo de votantes, não pode fazer parte do grupo de não votantes e vice-versa, e a soma dos que fazem parte do grupo votar com os do grupo não votar, tem de ser igual a todos os que compõem o grupo de todos os eleitores.
Quanto às variáveis: temos uma que é a variável a explicar, depois temos as variáveis explicativas que vão fazer com que exista uma variação entre grupos. Por exemplo, queremos explicar o sentido de voto e como explicativas temos variáveis como região, sexo, classe social etc.
Apesar de grupos distintos é possível encontrar relações de medida – “linkage methods of clustering” (Kinnear; Taylor; 1987: 653)   entre eles: Medida Mínima – “single linkage (Kinnear; Taylor; 1987: 653)   - que é a mais pequena distância entre elementos de grupos distintos; Medida Máxima -  complete linkage (Kinnear; Taylor; 1987: 653)    a máxima medida entre elementos de grupos distintos;  

APLICAÇÃO AO MARKETING POLÍTICO

Para influenciar o eleitorado é importante ter um conhecimento exacto sobre esse eleitorado no sentido de tornar cirúrgico e certeiro todo o trabalho de comunicação. É importante saber o que dizer e como vai ser dito. É necessário conhecer para saber quem são, que opiniões têm, que aspirações sentem e que relações existem. Por isso, são de várias ordens os estudos realizados para conseguir informações para os partidos e outros players da vida política. A SEGMENTAÇÃO insere-se exactamente na capacidade de precisar e aproximar do pormenor os conhecimentos – É um detalhar o conhecimento.
Um dos exemplos que apresentamos sobre a SEGMENTAÇÃO[1] é francês e apresenta algumas variáveis sobre a taxa de abstenção nas eleições europeias de 1984 o estudo indica que os que se abstiveram são: na variável sexo – maioritariamente homens; na variável idade – à medida que se vai subindo na faixa etária vai diminuído a abstenção; que os de instrução superior são os que menos se abstiveram. Podemos afirmar que de um conjunto de leitores homogéneo (os que se abstiveram), tornou-se menos homogéneo ao  serem feitos subconjuntos com base noutras variáveis (sexo, idade etc.). No entanto para a segmentação ser bem feita seria necessário dar seguimento aos subconjuntos e não ter sempre como ponto de partida o conjunto da amostra etc.
Já mais preciso, temos o exemplo do trabalho feito na França[2], referente às mesmas eleições do estudo anterior, onde se chega à conclusão sobre o eleitor tipo do candidato Le Pen. Assim, do conjunto de todos os eleitores de Le Pen, chegou-se à conclusão que a grande maioria dos votantes neste candidato são pessoas com determinadas características.
L’electorat de M. Le Pen n´etait pás très fortement marqué du point de vue démografique et sócio.professionel; néamoins il se recrutait plus chez les hommes que chez le fammes, et un peu pluz cher les commerçants, artisans, cadres supérieurs et professions libérales que dans les autres catégories sócio-profissionneles; que du point de vue «idéologique» en revanche, le profil de l’electorat Le Pen était nettement marque: l’extrême droite et la droite en representais 62% le «marais»  24% et la gauche ou l’extrême gauche seulement 6%” (Lindon, 1986: 57).

Conclusao

Os dois estudos apresentados, são exemplos daquilo que é a utilidade da SEGMENTAÇÃO num contexto de Marketing político. No primeiro obtém-se indicações sobre onde se encontra a abstenção, podendo assim ser feito um trabalho para a atacar e diminuir, o segundo caso é um exemplo típico de estudo que utiliza a SEGMENTAÇÃO para conhecer qual o eleitorado típico, podendo com essa informação criar uma melhor estratégia numa campanha eleitoral.
Sem duvida, que muitos outros trabalhos poderão ser feitos através do sistema aqui explicado...
Na nossa opinião, julgamos que a máxima importância de todo este sistema é o estudo de aspectos sobre o eleitorado de um determinado partido. Olhando para isto num contexto de comunicação, somos da opinião, e julgamos ser difícil de a contrariar, que comunicar deve ser um acto entendido como um investimento. Não se trata de capitalizar as comunicações em dinheiro, mas ao comunicar investimos numa ideia, numa mensagem a passar, NUMA PERSUAÇÃO. Consideramos que este pensamento deve de estar presente de uma forma muito forte no acto de fazer política exigindo que a comunicação política ou partidária seja feita especificamente para determinados públicos e da melhor maneira possível tanto a nível de conteúdo como da forma. É redutor e falso o pensamento de chegar a todo o lado, a todas os eleitores da mesma maneira. O estudo de todos eles, alojando-os em grupos segmentados, permite um aperfeiçoamento da estratégia, uma melhor adaptação das mensagens e acima de tudo uma maior precisão no apuramento de objectivos.
No marketing político, muito se fala, quando se trata de comercializar/publicitar o acto eleitoral, em sabonetes. Por isso, também nós seguimos esse caminho agora nestas últimas linhas para dizer que: tanto o indivíduo que trabalha nas obras que é parco em cultura e pouco refinado, como o licenciado e filho de boas famílias, usam SABONETE para se lavarem. Os produtos base de ambos os sabonetes são os mesmos, agora, o que os senhores do sabonetes perceberam, foi que apesar dos mesmos produtos base, o do licenciado tinha de ter mais qualquer coisa se calhar um aroma especial que era exigência desse segmento e não do outro.


BIBLIOGRAFIA

D’ HAINAUT, Louis (1997 – 2ª ed),  Conceitos e Métodos da Estatística vol 1 – Uma Variável a Uma Dimensão, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian


KINNEAR, Thomas C.; TAYLOR, James R., (1987), Marketing Research – An Applied Approach, McGraw-Hill

KOTLET, Philip; KELLER, Kevin Lane (2006 – 12ªed), Marketing Management 12e, New Jersey, Prentice Hall/Pearson

LINDON, Denis; (1986), Le marketing politique, Dalloz Gestion

ROSENTAL, Claude; FRÉMONTIER-MURPHY, Camille (2002), Introdução aos Métodos Quantitativos em Ciências Humanas e Sociais, Lisboa, Instituto Piaget




 









[1] LINDON, Denis; (1986), Le marketing politique, Dalloz gestion, pp 56
[2]  LINDON, Denis; (1986), Le marketing politique, Dalloz gestion, pp 57