A Internet na Comunicação Politica
Jorge Bruno Ventura
É impossível passar ao lado da
importância que a Internet conquistou junto das sociedades contemporâneas. A sua utilização está hoje presente em
grande parte das actividades da pràxis humana. A sua utilização permite chegar
a novos públicos e a interactividade é quase ilimitada nas potencialidades
permitidas e na possibilidade de produção e difusão de conteúdos. Em virtude da
sua importância, nenhum responsável político ou estratega de Comunicação Política
pode dispensar-se da sua utilização. A Internet é um instrumento fundamental na
conquista de votos e na difusão de mensagens com os seus níveis de utilização a
rivalizar e, em alguns casos, a ultrapassar as audiências dos chamados media
tradicionais.
Em 2008 a campanha eleitoral de Obama foi um exemplo das capacidades da
Internet quando aliada a uma estratégia de Comunicação Política. Pessoas
divorciadas da recepção de mensagens políticas foram alcançados e um património
conquistado que depois se traduziu num grande número de votos. Os feitos que
tornaram a campanha de Obama num case study no aproveitamento da Internet não
estão a ser alcançados pelos elementos dos grupos de “OKUPA” que montam
acampamentos em locais estratégicos e associados ao poder político e económico.
A ausência de uma estratégia de união em torno de valores defendidos
reflecte-se na confusão criada na internet pela facilidade que os elementos
desses grupos têm na produção e difusão de conteúdos.
Blogues, sites, banners e emails são algumas das ferramentas que a Internet disponibiliza e que
quando bem aproveitadas podem ser capitalizadas em votos, fornecerem um forte
contributo para a difusão da mensagem e permitirem um nível de interactividade
inimaginável até há poucos anos atrás.
Um novo “medium” na Comunicação
Politica - A Internet
Com a difusão da Internet iniciou-se
nos anos 90 aquilo que consideramos ser uma revolução na vida quotidiana das
sociedades pelo facto deste medium
ter dado “origem a todo um novo mundo por descobrir, corporizando inúmeras
oportunidades, mas também múltiplas dificuldades” (Dionísio et al, 2009: 32). Este novo medium é um dos símbolos máximos da
identificação de uma sociedade (a de hoje) que assenta os seus pilares no que
Manuel Castells designa como informacionalismo
e que descreve como o momento em que “as actividades decisivas da práxis humana se baseiam em tecnologia
de informação e centrada no processamento de informação” (2007:1). A Internet
revolucionou o quotidiano, abriu espaço para uma nova era, possibilitou novas
formas de comunicação e permitiu a criação de um espaço para além da realidade,
com a noção de virtualidade, que tem como símbolo máximo o Second Life.
Desde o primeiro momento que a Internet
se assumiu como um agregador das Tecnologias da Informação e das
Telecomunicações, “sobretudo através da sua massificação e consequente
disponibilização progressiva de recursos, de que o comércio electrónico, os
serviços interactivos e os conteúdos são bons exemplos” (Junqueira, 2002: p.85).
Ainda é cedo para perceber onde esta
revolução nos conduz. Afinal de contas, falamos de uma revolução que começou há
pouco tempo e que abre portas para possibilidades impensáveis há poucos anos
atrás, como por exemplo as experiências que a Google está a levar a cabo com
carros que andam de um ponto A para um ponto B sem qualquer tipo de intervenção
humana. Nenhum outro medium conseguiu
penetrar de uma forma tão rápida no quotidiano das pessoas. De acordo com o site www.internetworldstats.com,
em todo o mundo existem mais de 500 milhões de websites, mais de 70 milhões de blogs
e mais de 180 milhões de emails por
dia. São mais de 2 milhões de mensagens por segundo. Dados impactantes!
Vamos agora centrar a nossa atenção na
Comunicação Política através da Internet. Também aqui a Internet teve um forte
desenvolvimento e os números que a seguir apresentamos são a prova disso.
Depois de uma primeira fase confinada aos contextos militar e académico, os
anos 90 trouxeram a massificação da Internet. Também foi por esta altura que a
Internet passou a ser usada enquanto medium
na actividade da Comunicação Política. As eleições norte americanas de 1996
foram o momento de partida, a “campanha marcou o início do uso político da
Internet e foi então que os partidos políticos de outras democracias ocidentais
(como no caso espanhol) começaram a criar os seus próprios sítios na Internet”
(Canel, 2006: 75).
A Comunicação Política é mais um
exemplo para provar o poder de penetração da Internet em tudo o que nos rodeia.
Os números confirmam a regra. De acordo com o estudo, The Internet’s Role in Campaign 2008[1],
sobre as presidenciais norte americanas de 2008, realizado pela Pew Internet & American Life Project[2],
74% dos utilizadores norte americanos de Internet utilizaram-na como ferramenta
de recolha de informação ou participação no contexto das eleições. Estes 74%,
reflectem mais de metade da população adulta norte-americana (55%) que, de
acordo com o mesmo estudo, são considerados on-line
political users, pelo facto de terem usado a Internet para a recolha de
notícias sobre os candidatos e/ou comunicarem com outros sobre política através
da Internet e/ou enviarem e/ou receberem informações políticas relacionadas com
a campanha eleitoral. O mesmo estudo, em comparação com outras eleições
presidenciais norte americanas, mostra um aumento bastante significativo na
percentagem de adultos que utilizaram a Internet para recolherem informação e
notícias sobre os candidatos, que em 2008 foi de 44%, do total de norte
americanos, e 60%, em relação a todos os utilizadores norte americanos de
Internet, como mostra a tabela 01.
Tabela 01 - Percentagem do número de adultos
norte americanos que utilizou a Internet para recolher notícias e informações
sobre os candidatos nas últimas quarto eleições presidenciais nos Estados
Unidos.
Fonte – The
Internet’s Role in Campaign 2008 – Pew Internet
Percentagem em relação a:
|
1996
|
2000
|
2004
|
2008
|
Total de adultos
|
4
|
18
|
29
|
44
|
Total de utilizadores de Internet
|
22
|
33
|
52
|
60
|
Os internautas que efectuam recolha
de informação politica estão em crescimento e não deve ser desprezada a
influência que este medium tem junto
de segmentos que os outros media,
chamados de tradicionais, não conseguem ter. O gráfico seguinte indica os
valores de audiência da Internet nos Estados Unidos em comparação com outros media e em relação ao contexto político.
A Internet já ultrapassou as revistas e a rádio, e a perspectiva aponta para um
crescimento capaz de superar os jornais como fonte para a recolha de
informações sobre os candidatos a eleições.
Gráfico 01 – Comparativo percentual de
audiências e internautas no que se refere à recolha de informações sobre os
candidatos nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2008
Fonte - The
Internet's Role in Campaign 2008 - Pew Internet e Election 2006 Online - Pew
Internet
O caso Obama
As eleições presidenciais norte
americanas de 2008, que levaram Barak Obama[3]
à presidência, são um exemplo das
potencialidades da Internet quando aplicada à Comunicação Política. Com a
utilização de plataformas como o Twitter
e o Facebook, abertura de blogs e fóruns de discussão, colocação
de vídeos na Internet, aplicações para o iPhone
e até a criação de uma rede social, “Obama aprendeu a cultivar os potenciais
novos eleitores de base que a Internet tornou acessíveis” (Libert e Faulk,
2009: 61). Criou uma comunicação directa e de participação bastante activa com
os seus apoiantes. Os pequenos donativos conseguidos através da internet, por
exemplo, foram muito importantes, tal como a capacidade de incentivo ao
recenseamento de vários jovens – “…million of new voters were registered for
the November election, setting the stage for a record voter turnout” (Castells,
2009: 369).
Manuel Castells no livro Communication Power (2009) considera ter sido determinante na
estratégia eleitoral de Obama o facto de ter conseguido passar para a internet
o clássico modelo de organização comunitária[4]
desenvolvido há 50 anos por Saul Alinsky[5].
Em Novembro de 2006, Obama reuniu-se no
escritório do consultor político David Axelrod, em Chicago, com um núcleo duro
bastante restrito e formado, para além das duas figuras atrás referidas, pela
“sua esposa Michelle, o gestor de campanha David Plouffe, o futuro director de
comunicação, Robert Gibbs, e os conselheiros de longa data Marty Nesbitt e
Valerie Jarrett” (Libert e Faulk, 2009: 77). Obama estava convencido que os
Estados Unidos da América estavam preparados para a mudança que viria a ser
trazida, por um lado, pelo seu carisma e modernidade discursiva, e por outro,
pela inovadora campanha eleitoral. Hillary Clinton, sua opositora nas
primárias, iria ter o apoio das altas
patentes e conseguir fortes apoios “mas o espírito e o coração de Obama
diziam-lhe que deveria enveredar por um caminho novo e radicalmente diferente”
(Libert e Faulk, 2009: 77). Ao contrário da sua adversária, a campanha de Obama
teria de ser de baixo para cima, para
as massas: “As grandes massas a que Obama pretendia chegar encontravam-se na
Internet –os novos media alimentados
pelos cidadãos e, sobretudo, os conteúdos criados pelos próprios utilizadores.
Se conseguisse passar a sua mensagem de mudança para os milhões que se encontravam online, poderia reunir fundos de campanha astronómicos e mobilizar
um exército dedicado de colaboradores” (Libert e Faulk, 2009: 78). Obama teria
de se envolver com os netroots[6].
O estudo realizado pela Pew Internet and
American Life Project, mostra que a estratégia de Obama conseguiu chegar ao
público alvo. Como se pode verificar na tabela 02 os apoiantes de Obama
apresentavam uma maior acção através
da internet do que os apoiantes de Hillary. Eles eram mais activos a assinar
petições online, a comentar actos políticos e a efectuar donativos monetários,
“Obama supporters were considerably more active in using the Internet for
political purposes than the supporters of any other political campaign in 2008”
(Castells, 2009: 390).
Tabela 02 – Níveis percentuais de activismo
online por parte dos apoiantes de Obama e de Hillary Clinton durante as
primárias das eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2008. (n=516
utilizadores de internet; margem de erro +/- 5%)
Fonte – Pew Internet and American Life Project in Castells, 2009
Activistas online:
|
Apoiantes de Obama
|
Apoiantes de Hillary
|
Assinar uma petição online (%)
|
24
|
11
|
Comentar uma acção política (%)
|
23
|
13
|
Efectuar um donativo a um candidato
pela internet (%)
|
17
|
8
|
Outra forma de mostrar que a acção dos
apoiantes de Obama era mais forte através da internet do que a dos de Hillary,
são os números do facebook. Obama
atingiu o número impressionante de 1.120.565 apoiantes, em comparação com os
158.970 de Hillary, e os 119.000 de John McCain, candidato republicano
(Castells, 2009).
Na equipa de Barak Obama houve um actor que se destacou na
definição da estratégia online do candidato[7],
Chris Hughes. Um jovem com 25 anos “de cabelo loiro desgrenhado, extrovertido,
falava sem rodeios, com traços de sotaque do sul por ter crescido em Hickory,
na Carolina do Norte” (Mezrich, 2010: 110) e que fez parte do processo de
criação de um sítio de acesso livre para que os estudantes da Universidade de
Harvard pudessem comunicar entre si: o Facebook.
Hughes criou um sítio/rede social com o nome de My.barakObama.com e que viria a ficar carinhosamente apelidado de MYBO. Tal como no Facebook, eram os visitantes que alimentavam o desenvolvimento do
mesmo com a criação da sua própria página. Para além de um importante veiculo
de passagem da mensagem de Obama, esta rede social foi um elemento fundamental
na organização dos mais de 150 mil eventos relacionados com a campanha. My.BarackObama.com atingiu 15 milhões de
membros, reunidos em 35 mil grupos diferentes, organizados de acordo com a área
geográfica, profissão e interesses comuns, inclusive segundo o grupo musical
favorito.
Grande parte dos 639 milhões de dólares
de contribuições para a campanha de Obama foram doados através da internet. Tal
facto comprova a relação identificada por Bruce Bimber entre a prédisposição
para a doação monetária para apoio a candidatos através da internet e a
utilização da internet como meio de actualização da informação política, “One is that the kind of people who are likely to
donate money in an election year are also likely to obtain political
information through the Internet (2003:221).
A estratégia da campanha de Obama para
as novas tecnologias não se limitou à criação de uma rede social. O design
criado foi também aplicado ao Facebook,
MySpace, Linkedin, Twitter, Digg e Scribd. Todos os conteúdos eram editados de acordo com o perfil da
rede social, “o Twitter permite que
os seus membros mantenham o contacto diário com blogs curtos. Quando o plano energético do candidato ficou pronto,
pequenas mensagens de actualização enviadas para o Twitter permitiam aos seus utilizadores saber que podiam ler o
programa eleitoral na integra no sítio de Obama. Uma cópia do programa foi
enviada para o Scribd.com, um local
de partilha de documentos, para ser anexa à página de perfil de Obama aí
criada. No LickedIn.com, um sítio
criado com o intuito de estabelecer ligações entre os seus membros, Obama deu
início a um debate sobre o futuro da economia americana. Na SeconfLife.com, o
mundo virtual mais popular da Internet, o grupo de apoio a Obama a presidente patrocinou um festival de música para angariar
dinheiro para a campanha” (Libert e Faulk, 2009: 103).
No sítio de partilha de ficheiros de
vídeo YouTube, a campanha de Obama
criou um canal onde disponibilizava vídeos. O editor Arun Chaudhary,[8]
juntamente com a sua equipa, acompanhou o candidato por todos os locais com o
objectivo de mostrar pela Internet todos os acontecimentos da campanha: “qual a
necessidade de ter alguém com um microfone na mão a dizer aquilo que Obama hoje
disse, quando a própria pessoa pode ver aquilo que
Obama disse hoje?” (National
Journal Magazine)[9]. Ainda antes da campanha, foi nesta rede de
partilha de vídeos que, a 16 de Janeiro de 2007, o actual presidente dos
Estados Unidos da América anunciou a criação de uma Comissão Exploratória para a sua candidatura. O vídeo
tinha o nome de Barack Obama; my plans
for 2008[10].
Também os adversários de Obama fizeram
uso da Internet, em particular do YouTube e da colocação de vídeos online, mas o investimento por parte da
equipa de Obama foi maior, “a campanha de (Hillary) Clinton[11]
apenas tinha uma pessoa responsável pela reportagem de vídeo, Obama tinha entre
dois e quatro elementos para filmar, editar e colocar o vídeo na net podendo fazer vídeos de vários
ângulos,”eram rápidos a colocar o vídeo na Internet e rápidos a alertarem a
comunidade da existência de um novo vídeo disponível na Internet” (Jarboe,
2009:381). O canal de Obama no YouTube
recebeu 1760 vídeos que foram vistos 93,926,314 vezes, enquanto que o canal de
John McCain, adversário na eleição ao cargo de Presidente dos Estados Unidos,
disponibilizou 327 vídeos, vistos aproximadamente 24 milhões de vezes (Jarboe,
2009:64).
Um episódio curioso, e que mostra a
capacidade do YouTube, aconteceu
ainda nas primárias quando Obama perdeu as eleições em New Hampshire para a sua
rival Hillary Clinton. Depois de conhecidos os resultados, o derrotado não acusou
o momento de fragilidade e fez um dos discursos[12]
mais inspirados e galvanizadores. Tal
atinge a uma cúspide com a criação do slogan “Yes, we can”[13]
e que poderíamos observar, em tom coloquial, como a cereja no topo do bolo. Já dissemos que o discurso foi inspirado,
mas também foi inspirador. O líder
dos Black Eyed Peas, Will I Am, por
sua livre iniciativa, fez um videoclip
realizado por Jesse Dylan[14]
com a participação de várias estrelas da música norte americana em que a letra
foi parte do discurso de Obama[15].
O videoclip foi colocado no YouTube, com o nome Yes We Can – Barack Obama Music Vídeo[16],
e foi um dos vídeos políticos mais vistos, com mais de 17 milhões de visualizações
(Castells, 2009). Outro exemplo foi o vídeo I’ve
got a crush on Obama[17] realizado
pelo publicitário Ben Relles e com a modelo Amber Lee Ettinger a cantar uma música
de apoio a Obama. Para além do torneado corpo e rosto bem definido da modelo, o vídeo é ilustrado com várias
fotos de Obama como a célebre imagem de Obama na praia a correr em tronco nu.
À distância de meio ano das eleições
de 2012 para a Presidência norte americana[18],
o staff de Obama trabalha arduamente
para conseguir a reeleição do Presidente. A campanha de Obama apresenta no
campo da despesa total 75 milhões de dólares, mais 8 milhões que o total gasto
pelo candidato republicano Mitt Romney.
A análise da tabela 03 permite
concluir a estratégia apresentada até ao momento por cada um dos candidatos
através da análise do valor das despesas de cada um. Não deixa de ser
surpreendente a diferença de gastos de cada uma das campanhas em TV/Rádio,
publicidade e no Staff. A comparação
apresentada torna-se frágil pelo facto de Obama ter sido nomeado candidato
democrata há vários meses e Mitt
Romney ter demorado mais tempo a assegurar a sua nomeação pelos democratas.
Tabela
03 – Comparação de algumas despesas entre as candidaturas de Barak Obama e de
Mitt Romney a 7 meses do acto eleitoral
Fonte: The Economist – 14 de Abril de 2012
Barak Obama
|
Mitt Romney
|
|
TV/Rádio
|
3 Milhões de dólares
|
14 Milhões de dólares
|
Publicidade
|
12 Milhões de dólares
|
1 Milhão de dólares
|
Staff
|
15 Milhões de dólares
|
5 Milhões de dólares
|
Online
|
12 Milhões de dólares
|
1 Milhão de dólares
|
Total
|
75 Milhões de dólares
|
67 Milhões de dólares
|
A estratégia da campanha de Obama
apresenta semelhanças com o que foi feito em 2008. Neste momento a grande
aposta é na criação de uma rede de voluntários recrutados e coordenados online.
A 5 meses das eleições são estabelecidos o maior número possível de contactos
pessoais, “online, porta a porta, com uma cuidada coordenação, e telefónicos”
(The Economist – 14 de Abril de 2012)
Os estrategas da campanha de Obama
acreditam que os eleitores são mais fáceis de convencer por aqueles com que se
relacionam do que através da publicidade ou dos media. Para além disso,
evita-se a mediação que é feita pelos jornalistas numa mensagem. Para a
concretização deste objectivo é necessário um investimento muito forte no
estabelecimento de relações e na criação de condições propícias para a
realização de contactos. A internet é fundamental na concretização deste
objectivo.
Apesar das eleições serem em
Novembro, o staff de Obama trabalha para conseguir ter um grande número de likes no Facebook e inscrições nos vários sítios que foram criados de acordo
com a segmentação do eleitorado. A estratégia tem em conta um pormenorizado
trabalho de segmentação do eleitorado norte-americano e por isso uma atenção
especial para classes como os jovens, os idosos, as mulheres, grupos
religiosos, minorias raciais, e homossexuais. Há sítios de internet específicos
para cada um dos estados da união e outros sítios para estratos da sociedade
como as mulheres e os veteranos.
O período ainda não é de campanha
eleitoral e por isso é necessário manter uma motivação nos vários voluntários
para que o cansaço não chegue antes do início do verdadeiro trabalho. Há
eventos propositadamente organizados para os voluntários da campanha de Obama,
como por exemplo um concerto com o grupo de rock Red Hot Chili Peppers.
A leitura de dados de Abril de 2012
indica que foram realizados 30.000 eventos e recebidos donativos de mais de
500.000 pessoas, muitas delas a contribuírem pela primeira vez.
A estratégia de comunicação criada
pela candidatura de Obama às eleições de 2008 deve ser vista como um momento de
referência e de fronteira para um novo espaço de utilização das NTIC na
Comunicação Politica. A dinâmica criada tornou mais fácil a consolidação de um
relacionamento com um novo conjunto de eleitores, os jovens, e com camadas da
população até então pouco activas na formação de consciência cívica e promotora
de referências. Nunca o apelo à participação cívica e à intervenção social foi
tão sentida por um conjunto da população que, em alguns casos, exerceu o
direito de voto pela primeira vez. O contributo das NTIC foi fundamental e
único.
O caso dos “OCUPA”
O caso Obama é um exemplo de
aproveitamento estruturado e pensado das capacidades disponibilizadas pela
Internet para Comunicação Política. No entanto, a ausência de um pensamento
estratégico inviabiliza o aproveitamento das capacidades comunicacionais da
Internet. Um dos maus exemplos é o caso do movimento
dos ocupas, particularmente dos que se instalaram à porta da bolsa de Nova
Iorque, na Wall Street.
Desde o início da crise mundial das dívidas
soberanas que grupos de jovens, e alguns menos jovens, têm-se instalado em
acampamentos junto de locais que simbolizam o poder político e económico[19].
Não são claros os valores e as
ideologias defendidas. Percebe-se que lutam por igualdade nas oportunidades e
pela defesa de um sistema financeiro capaz de reflectir justiça. Até parece que
estes grupos são a herança ou a evolução na forma de protesto, dos grupos
antiglobalização que a partir dos anos 90 do século passado geravam o caos em
cidades onde se reuniam organizações como: Fundo Monetário Internacional (FMI);
Organização Mundial de Comércio (OMC) e o grupo dos sete países mais industrializados
mais a Rússia (G8)[20].
O movimento
dos ocupas está refém de uma incoerência ideológica motivada pela ausência
de uma ideologia comum. Isto é, a união do grupo não está no que defendem e nos
seus ideais, mas sim nos valores dos protestos. A tentação de nova comparação
com os movimentos antiglobalização é grande, pois estes eram formados por
elementos de várias ideologias como: anarquistas, antimilitaristas, católicos
progressistas, ecologistas, feministas, marxistas, pacifistas, sindicalistas, e outros grupos sem uma pertença
específica a nenhuma organização ou ideologia.
A diversidade de ideologias que coabitam
no movimento dos ocupa cria um melting pot que dificulta a passagem da
mensagem para o exterior do grupo. O todo é constituído por clusters
que dificulta a criação de uma narrativa clara e objectiva capaz de marcar e
“explicar a sua agenda ao mundo” (2012, Abril 07). São estruturas
anti-hierárquicas, sem liderança, sem autoridade, espontâneas e antónimas às
instituições políticas com quem os jornalistas lidam. A incoerência de valores
dificulta o papel de mediação dos jornalistas na mediação e cria interferências
na formação de opinião.
As NTIC dotam o cidadão da capacidade de
produzir e difundir conteúdos de forma simples e a baixo custo. Cada pessoa é
um produtor de conteúdos sem necessidade de transportar grandes máquinas para o
local de produção ou de se deslocar a estúdios específicos. Em qualquer esquina
ou qualquer café, em qualquer estação de comboios ou numa viagem de barco, num
jardim ou numa biblioteca, o cidadão comum tem ao seu dispor a possibilidade de
produzir e difundir de forma simples e económica. Esta capacidade, também, está
disponível para os elementos que ocupam e constituem os grupos de protesto aqui
focados.
Ao fazerem uso da capacidade de produzir
e difundir conteúdos os ocupas transportam para o espaço dos novos media[21]a
incoerência de valores comuns a todos os elementos do grupo e a instalação de
um espaço virtual sem hierarquia. Fecham-se nos seus próprios modelos de
comunicação com “o uso das redes sociais, como o twitter e o youtube, para a
organização e documentação das suas actividades” (2012, Abril 07). Proliferam
os espaços virtuais criados por elementos que fazem parte do mesmo grupo de ocupas, como acontece com os
manifestantes de Wall Street que têm várias páginas de internet[22],
blogs e fóruns de discussão
traduzindo para o espaço virtual a mesma confusão e incoerência que existe no
espaço físico do protesto.
Todo este pluralismo não é isento de
virtudes. A diversidade de ideias é propícia à criação e enriquecimento de um
enorme espaço de discussão e de debate no seio do grupo. Aos olhos exteriores o
pluralismo é visto como incoerência e “faz com que os ocupantes sejam muito
bons a falarem para dentro do grupo, mas incompreendidos na tentativa de se
fazerem entender junto de estranhos ao grupo, mesmo para quem com eles
simpatiza” (2012, Abril 07).
A utilização
da Internet na Comunicação Politica
Não sendo exclusivas da Comunicação
Política, as ferramentas apresentadas são as mais tradicionais para se comunicar
através da Internet, efectuando-se por vezes a combinação de várias destas
formas: os sítios da Internet ou páginas web,
banners, emails, redes sociais e blogs.
A utilização de um sítio na Internet é
uma forma contínua de presença e um espaço de constante contacto. É necessário
que exista uma preocupação com a sua actualização já que um sítio é um conjunto
de páginas que poderão conter, de forma isolada ou em coabitação, textos,
fotos, animações e áudio e permitem a “transmissão de mensagens aos potenciais
eleitores e oferecem a possibilidade de interacção com eles” (Saiz, 2007: 220).
Para além da necessidade de ser intuitiva, para que o internauta perceba qual a
sua localização e facilmente consiga chegar ao local onde a informação que
procura se encontra, a página de Internet, para além de esteticamente
agradável, deve também ter em conta a necessidade de percepção dos locais onde
devem ser accionadas as ligações, isto é, os locais onde o internauta deve de
dar uma ordem. No caso de uma página construída para umas eleições, Francisco
Saiz (2007: 220,221) considera ser essencial seguir uma ordem lógica que tem
como ponto de partida a definição de como se pretende que seja a percepção da
informação a ser transmitida, depois, deve ser criada uma arquitectura para a
página, estabelecer uma lista de temas a comunicar, hierarquizar a informação
para finalmente, depois de concluídas estas tarefas, solicitar que os
responsáveis pela construção de páginas na Internet a possam conceber. Ao fazer
uso desta ferramenta comunicacional, importa que esta tenha várias visitas e
que quem o faz permaneça o maior espaço de tempo possível, já que isso indica
que quem visita a página encontra a informação pretendida e que se sente bem no
sítio.
Outra ferramenta são os banners, “uma das formas mais clássicas
de publicidade em linha” (Scherer: 2009, 25). São módulos de publicidade
colocados nas páginas de Internet. Tendo em conta que os objectivos destes não
é apenas o de serem vistos, já que permitem a ligação às páginas promovidas, é
o número de solicitações dessa ligação que dá uma das formas de avaliar a sua
eficiência. Os banners, no objectivo
de se tornarem cativantes, podem conter animações e sonorizações e devem estar
inseridos em zonas apelativas das páginas para assim conseguirem chamar a
atenção. A tecnologia disponível permite que os banners tenham interactividade e uma das mais recentes novidades é
o sistema mouse-move-banner, “um novo
formato de banner que persegue o rato
nos seus movimentos (Saiz, 2007: 224)
Uma das formas de comunicação mais
usadas é o correio electrónico “que tem como objectivo o envio e organização de
mensagens entre utilizadores” (Sousa, 2009: 190). De uso extremamente
económico, acarreta o problema da saturação que poderá ser ultrapassado através
da subscrição, isto é, a criação de uma lista com verdadeiros interessados em
receber a mensagem. Para cada caixa de correio existe um endereço capaz de
receber e enviar mensagens que suportam texto e multimédia. A tabela 04
apresenta algumas das vantagens no uso deste sistema.
Tabela 04 - Vantagens no uso de correio
electrónico.
Fonte - Francisco Saiz, 2007[23]
Vantagens do
correio electrónico
|
Custos baixos quando comparados com o correio
tradicional.
|
Permite um
diálogo individualizado (one-to-one).
|
Permite adaptar o formato da comunicação ao modelo
pretendido (carta, newsletter
etc.).
|
É de fácil
uso e sem necessidade de grandes gastos em criatividade.
|
Permite a
monitorização dos resultados em tempo real.
|
Não há limite para a informação a passar (deve imperar
no entanto algum bom senso pois pretende-se uma leitura agradável).
|
Sistema
amigo do ambiente (ausência de papel).
|
As ferramentas que foram apresentadas
são as mais tradicionais na comunicação através da Internet, no entanto a Web 2.0 abriu espaço para novas formas
que não podem ser desprezadas nos dias de hoje. Falamos de ferramentas
comunicacionais acessíveis pela Internet como as redes sociais e os blogs.
As redes sociais são espaços de
comunicação em princípio potenciadores do diálogo, algumas são verdadeiros
fenómenos de popularidade como o Myspace
ou Facebook, “que criaram o
sentimento de pertença e desenvolveram relações entre pessoas num ambiente on-line. (Sendien: 2009, 149). Poderão
estar segmentadas com maior ou menor precisão, de acordo com factores dos seus
utilizadores como, por exemplo, a idade, a ocupação, gostos etc.
Apesar de terem aparecido em finais
dos anos 90, os blogs, que podem ser
considerados “como uma alternativa à criação de sites pessoais, em substituição
da criação das tradicionais páginas de web”
(Sousa, 2009: 196), tiveram a sua popularização a partir dos primeiros anos do
século XXI e são hoje em dia “parte integrante da nova paisagem mediática”
(Scherer: 2009, 30). Grosso modo, um blog é um sítio “actualizado com
frequência com nova informação, sobre um ou vários temas” (Dionísio et al,
2009: 194) e capaz de proporcionar uma maior interactividade através das
reacções ao que é inserido pelo autor. A sua arquitectura está preparada para
que a última inserção colocada pelo autor seja a primeira a ser vista por quem
visita o blog. Por serem bastante
económicos, permitirem um bom nível de interactividade e tecnicamente serem
fáceis de criar e manter, os blogs
proliferam em várias áreas temáticas, “o blogue permite a todos publicar, sem
que tenham necessariamente um editor ou a patente de gatekeeper” (Granieri, 2006: 31), criando, em alguns casos, uma
vasta área de influência e um espaço próprio ao qual se deu o nome blogosfera[24].
Conclusões
O crescimento do uso da Internet e, mais tarde, as capacidades de
interactividade trazidas pela Web 2.0,
criaram uma maior pressão à necessidade de adaptação e à utilização da Internet
enquanto medium promotor de novas
capacidades de comunicação e agregador de novas audiências. Consideramos que um
dos elementos fundamentais para a Internet ser o que é hoje, foi o facto dos
seus desenvolvimentos se terem verificado numa base de ambiente de liberdade,
nunca abrangidos, como noutros casos, por segredos militares ou intuitos
comerciais. Esse ambiente permitiu contributos vários para o desenvolvimentos
da Internet e é um ponto basilar em muitos dos temas discutidos na órbita da
Internet, como os direitos de autor e o recente caso Wikileaks.
Ao entrar com tanto impacto no
quotidiano das sociedades, a Internet provocou alterações nucleares, que jamais
poderão ser consideradas como passageiras. Na Comunicação Política, abriu
espaço para chegar e cativar novos segmentos, que de outra forma quase que eram inatingíveis. O caso das
eleições norte americanas que levaram Barak Obama à Casa Branca, são um exemplo
da força deste novo medium e das
capacidades comunicativas trazidas por este meio. Será errado pensar que foi
apenas a estratégia de usar a Internet, criando uma rede social própria, e o
aproveitamento máximo dos seus recursos, que levaram à vitória de Obama. Mas
certo, porém, será dizer que houve um grande contributo da Internet para a
vitória do primeiro homem negro numas presidenciais norte americanas. Não só
conseguiu chegar a novos segmentos, como possibilitou a captação de donativos e
uma dinamização de apoiantes inimaginável até então. O que funcionou nos
Estados Unidos com a campanha de Obama, pode não funcionar noutros países. A
sociedade norte americana apresenta características muito próprias em contexto
eleitoral.
Se a equipa de Obama permitiu agrupar
todos os seus apoiantes numa estratégia com recurso à Internet, o mesmo não se
pode dizer do movimento dos ocupas, particularmente os de Wall Street, por
terem sido o caso apresentado. A falta de um elemento de união não se faz
apenas sentir nos valores e nos ideias defendidos. Tal situação reflecte-se na
dificuldade que sentem em passar a mensagem apesar de dizerem representar 99%
da população. A ausência de valores em comum e a fácil possibilidade de
produzir e difundir conteúdos fragmenta a mensagem e as posições assumidas.
As formas de estar presente na
Internet são várias: sítios, banners,
emails; redes sociais, blogs, etc. Em Portugal as eleições
Legislativas de 2009 são um exemplo da presença em massa por parte das
estruturas partidárias na Internet. Por moda ou verdadeira crença nas
potencialidades da Internet, os principais partidos políticos criaram
estratégias próprias para a presença online.
Apesar dos investimentos e das potencialidades permitidas variarem de
organização para organização, a verdade é que a presença foi forte e em alguns
casos verificou-se a criação de páginas específicas para as eleições.
O verdadeiro impacto destas
ferramentas em qualquer área ainda
está por medir. No caso da Comunicação Política, o verdadeiro impacto só poderá
ser avaliado quando a geração digital, não os actuais jovens eleitores que
migraram de uma geração analógica para a digital, mas os que nasceram sobre a
influência do mundo digital, forem maiores de idade e poderem exercer o voto.
Nota-se um investimento por parte das organizações políticas nas novas
tecnologias, mas será apenas uma moda ou o impacto justifica os meios?
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Autor desconhecido/texto não assinado (14 de Abril de 2012) The Obama
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Economist, Edição online.
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www.internetworldststs.com -Acesso em Maio de 2012
[1] Os
resultados são baseados nas conclusões do inquérito pós-eleitoral - uma
pesquisa de acompanhamento diário sobre o uso dos americanos da Internet. Os
resultados apresentados são baseados em dados de entrevistas telefónicas em
lares dos Estados Unidos realizadas pela Princeton Survey Research Associates
International entre 20 de Novembro e 04 de Dezembro de 2008 numa amostra de
2,254 adultos, com mais de 18 anos de idade. Para os resultados com base na
amostra total o índice de confiança é de 95%, sendo o erro de amostragem e
outros efeitos aleatórios de mais ou menos 2,4%.
[2] Projecto totalmente
independente da Pew Research Center que visa estudar do impacto da Internet na
sociedade norte americana.
[3] Barak Obama nasceu em
1961 em Honolulu, no estado americano do Havai. De pai negro, com origens no
Quénia, e mãe branca, Obama viveu na Indonésia com a sua mãe regressando aos
Estados Unidos, para casa dos seus avós maternos, com a idade de 10 anos.
Depois de eleito Senador pelo estado de Illinois, tornou-se candidato pelo
partido Democrata ao cargo de Presidente do E.U.A. Com a maior votação de
sempre obtida por um candidato em
eleições à presidência norte americana: 69.4 milhões de votos, foi eleito 44º
presidente da América e o primeiro
negro a ocupar tão importante cargo.
[4] Para um conhecimento mais
aprofundado deste modelo consultar
a obra de Patricia Murphy e James Cunningham, Organizing for
Community Controlled development: Renewing Civil Society. Califórnia, Sage,
2003.
[5] Com as obras Reveille for Radicals (1946) e Rules for Radicals (1971), Saul Alinsky
foi o primeiro americano a desenvolver estratégias para a organização
comunitária. Por organização comunitária entende-se a acção conjunta de
cidadãos na tentativa de conseguir proveitos a favor da sua comunidade. É uma
forma de activismo político.
[6] Termo criado para
descrever o activismo político do cidadão comum, tornado possível através das
redes de socialização na World Wide Web.
[7] Não terá sido o único a
contribuir para que a mensagem de Obama tenha chegado aos jovens. Outro
importante elemento para garantir o apoio dos mais jovens foi Hans Riemer, dinamizador
do movimento Rock the Vote. Constituído
em Los Angeles nos anos 90, este movimento tem como missão envolver os jovens com o poder e a participação política. A
música, a cultura popular e as novas tecnologias são os veículos utilizados
para a promoção de uma responsabilidade cívica e politica junto dos jovens com
o objectivo de levar os jovens ao recenseamento e à participação eleitoral.
Para mais pormenores sobre o movimento consultar o sitio oficial em www.rockthevote.com
[8] Professor da Escola de
Cinema da Universidade de Nova Iorque.
[10] Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=H5h95s0OuEg
[11] Adversária de Obama nas
primárias.
[12] Discurso proferido a 08
de Janeiro de 2008, em Nashua, New Hampshire.
[13] Sim, nós podemos.
[14] Filho do popular cantor Bob Dylan
[15] Excertos do discurso
utilizado como letra do tema musical: Foi um credo inscrito nos documentos
fundadores que proclamaram o destino de uma nação. Sim, nós podemos. Foi
sussurrado por escravos e abolicionistas quando rasgaram um caminho para a
liberdade através da noite mais escura. Sim, nós podemos. Foi cantado por
imigrantes quando chegaram de terras distantes, e por pioneiros que abriram
caminho para Oeste contra uma natureza impiedosa. Sim, nós podemos. Foi o grito
de trabalhadores que se organizaram, de mulheres que agarraram nos boletins de
voto, de um presidente que fez da lua a nossa nova fronteira, de um rei que nos
levou ao cimo da montanha e nos apontou o caminho para a terra prometida. Sim,
nós podemos aspirar à justiça e à
igualdade. Sim, nós podemos ter a oportunidade e a prosperidade. Sim, nós
podemos curar esta nação. Sim, nós podemos consertar este mundo. Sim, nós podemos. E assim, amanhã, quando levarmos esta campanha para o Sul e
para Oeste; quando percebermos que as lutas do trabalhador da indústria têxtil
de Spartanbourg não são assim tão diferentes das aflições do lavador de pratos
de Las Vegas; que as esperanças da menina que frequenta uma escola degradada em
Dillon são idênticas aos sonhos do rapaz que aprende nas ruas de Los Angeles, iremos
lembrar-nos de que algo se está a passar na América; de que não estamos tão
divididos quanto os políticos sugerem; de que somos um só povo; somos uma só
nação; e, juntos, iremos abrir o próximo grande capítulo da história da América
com três palavras que irão ressoar de costa a costa, de mar a mar cintilante:
sim, nós podemos.
[16] Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=SsV2O4fCgjk
[17] Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=dyjXt1zSXHU
[18] A 57ª eleição presidencial nos Estados Unidos da América
realiza-se a 06 de Novembro.
[19] Alguns dos locais onde se verificaram acampamentos: Madrid; Londres; Los
Angeles e Nova Yorque
[20] Os confrontos mais
marcantes entre activistas do movimento antiglobalização e as forças policiais
verificaram-se em 1999 na Alemanha, na cidade de Colónia, na reunião do FMI, e
nos Estados Unidos da América, na cidade de Seattle, numa reunião da OMC, onde
se verificou a impossibilidade de presença de algumas delegações na reunião
devido ao caos que os confrontos provocaram.
[21] Por novos media encaramos os media sem mediação por parte de jornalistas
ou sob a regras de qualquer modelo de getekeeping
[22] Exemplos de alguns sítios criados por elementos que constituem o grupo de
ocupas de Wall Street: occupywallst.org;
occupywallstreet.net; occupytogether.org; occupycafe.org;
interoccupy.org
[23] Em itálico surgem itens
que foram acrescentados pelo autor.
[24] A expressão Blogosfera entende
todos os blogs como se de uma comunidade se tratasse.
Usado pela primeira vez em 1999 por um publicista chamado Brad
L. Graham, quem o popularizou, três anos
depois, foi William Quick,
responsável pelo blog Daily Pundit (http://dailypundit.com/)
que originou que a expressão fosse adaptada por exemplo por programas
americanos de grande audiência como o Morning
Edition da National Public Rádio.
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